Nos últimos três anos da gestão do governo Lula, 48 empresas deixaram a Bolsa de Valores brasileira (B3), reduzindo o número de companhias listadas de 416 em outubro de 2023 para 368 em outubro de 2025. O movimento expõe fragilidades do mercado de capitais nacional, mesmo em um cenário de recordes nominais do Ibovespa.
A máxima histórica do índice não reflete a maioria das companhias listadas. “O Ibovespa é um índice absolutamente concentrado em Petrobras, Vale e nos grandes bancos brasileiros. Essas empresas perfazem mais da metade do Ibovespa”, afirmam analistas. Centenas de negócios seguem com preços 90% abaixo de seus recordes históricos.
A valorização recente deve-se mais ao cenário internacional do que a méritos domésticos. Corleta cita a desvalorização do dólar e o ciclo de corte de juros em economias desenvolvidas (Europa, Reino Unido e EUA).
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“A bolsa brasileira sobe em 2025, 49% em dólares”, disse o analista, comparando o desempenho nacional ao de outros emergentes como a África do Sul. “Não são fatores domésticos que fazem a Bolsa subir neste ano, são fatores internacionais”, declaram analistas.
Entre outubro de 2023 e outubro de 2025, 48 companhias fecharam capital, incluindo nomes relevantes como Cielo, Carrefour Brasil, Santos Brasil, BRF, Grupo Soma, Sinqia, Eletromidia e Eletropar.
- O Ibovespa atingiu sua máxima histórica nominal de 165.035 pontos em dezembro de 2025 em reais, impulsionado por grandes empresas de commodities e bancos.
- Apesar do recorde, centenas de negócios seguem com preços até 90% abaixo de seus picos históricos, mostrando que a valorização não reflete a maioria das companhias listadas.
Entre as companhias que deixaram a B3 em 3 anos estão: Cielo; Carrefour Brasil; Santos Brasil; BRF; Grupo Soma; Sinqia; Eletromidia; Eletropar….
Motivos para o fechamento de capital
Segundo especialistas, há dois fatores centrais para a saída das empresas da Bolsa:
- Taxa Selic elevada (15% ao ano): aumentou o custo de capital, endividamento e levou várias companhias à recuperação judicial .Recompra de ações pelos controladores: com ativos subavaliados e baixa liquidez, muitos acionistas optaram por fechar o capital.
Além disso:
- Instabilidade econômica e incertezas fiscais e insegurança jurídica tornam o processo de abrir capital no Brasil “caro, complexo e arriscado”.
- Muitas empresas passaram a depender de fundos privados, crédito estruturado e até mercados internacionais para captar recursos.

“Entre os fatores de risco estão a instabilidade econômica, as incertezas fiscais e a volatilidade, que fazem com que muitas dessas empresas prefiram continuar fechadas ou busquem outras formas de captação”, explicam.
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Comparativo internacional
- O Brasil tem menos empresas listadas que Índia, Coreia do Sul, Turquia e Chile, segundo dados do Banco Mundial
- Em 1986, havia 592 companhias abertas; em 2024, apenas 331, mostrando queda contínua ao longo das décadas.
- No Chile, cerca de 8% da população investe em ações, contra apenas 2,5% a 2,7% no Brasil, evidenciando menor maturidade do mercado.
Impactos econômicos
- O Ibovespa é altamente concentrado em Petrobras, Vale e grandes bancos, que representam mais da metade do índice.
- Empresas médias e menores sofrem com desvalorização e liquidez reduzida, tornando-se alvos de fusões e aquisições ou fechamento de capital.
- A valorização recente da Bolsa brasileira em 49% em dólares em 2025 deve-se mais ao cenário internacional (desvalorização do dólar e corte de juros em economias desenvolvidas) do que a fatores domésticos.
O fechamento de 48 empresas na B3 em apenas três anos revela um mercado de capitais restrito e concentrado, dependente de grandes companhias e de fluxos internacionais. A alta da Selic, os custos regulatórios e a falta de liquidez afastam empresas menores, enquanto investidores estrangeiros concentram recursos nas chamadas blue chips. O paradoxo é claro: um Ibovespa em recorde histórico, mas com menos empresas listadas e uma economia real fragilizada.
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EMPRESAS ABERTAS
A FGV (Fundação Getulio Vargas) e a Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas) fizeram uma pesquisa com as 270 maiores companhias abertas brasileiras. Elas produziram R$ 2,1 trilhões de valor adicionado frente a um PIB nominal de R$ 11,7 trilhões, ou seja, 17,9% da riqueza medida no país. As companhias analisadas responderam por cerca de 2,8 milhões de empregos diretos em 2024, uma média de 10.332 trabalhadores por empresa.



















