O jornal O Estado de S.Paulo descreveu como “infeliz” a decisão do governo Lula de apoiar a denúncia de “genocídio” contra Israel. Em editorial publicado nesta sexta-feira (12), o periódico afirma que o “o Brasil só tem a perder se imiscuindo dessa forma lamentável numa questão muitíssimo complexa”, e que tal alinhamento pode ter decorrido de “de ignorância, cálculo político ou má-fé do presidente Lula da Silva”.
VEJA: Crise financeira faz Felipe Neto demitir funcionários, seguidores criticam
– Em primeiro lugar, é preciso ter claro que o caso apresentado pela África do Sul não leva em conta o fato de que Israel foi atacado por um grupo terrorista cuja missão declarada é exterminar os judeus. Ademais, identifica intenções genocidas em declarações de autoridades israelenses, o que é obviamente insuficiente para caracterizar o crime. Ou seja, não tem bases fáticas e jurídicas sólidas o bastante para instruir uma acusação séria de “genocídio”, nada menos, perante a CIJ – avalia o texto.
LEIA: Suprema Corte ignora milicias digitais ligadas a governistas que causou morte de jovem
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui.
SAIBA: Primeiro ano de Lula apresenta 2º maior déficit da história do setor público
O jornal, entretanto, considera que o país tem cometido atos que podem ser considerados crimes de guerra em Gaza, mas que há uma “distância enorme” entre eles e um genocídio.
– Ademais, não é trivial acusar de “genocídio” um país cuja existência se legitimou justamente por causa da tentativa de genocídio do povo judeu na Europa por parte da Alemanha nazista. Também é particularmente grave acusar Israel de “genocídio” sem considerar que o país só atacou Gaza depois de ter sofrido um massacre inaudito por parte de um grupo palestino que defende a dizimação do povo judeu – assinalou.
O Estadão adverte que líderes como Lula precisam ser cautelosos ao imputar o termo genocídio, não somente para evitar injustiças, mas também para não banalizar o termo.
– Lula da Silva, como é notório desde sempre, carece dessa prudência. Ciente de que a acusação de “genocídio” contra Israel é voz corrente entre a militância esquerdista no Brasil e no mundo, Lula adere ao exagero retórico na expectativa de parecer um humanista, sem se preocupar muito com as consequências práticas de seus atos e palavras em relação aos interesses do Brasil que ele governa – acrescentou.
Por fim, aponta que o Brasil ganha apenas aplausos de ditadores com tal postura, e que falta ao presidente a diplomacia acima das ideologias.
VEJA: Ex-cabeleireira de Dilma é contratada no governo com salário superior a R$11 mil por mês