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O Congresso Nacional Africano (ANC), que possuía até estas eleições uma maioria absoluta no Parlamento da África do Sul, reconheceu neste domingo (2) que não tem “nada a comemorar”, após a divulgação do resultado eleitoral.

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O ANC fracassou nas eleições ocorridas na quarta-feira (29), nas quais perdeu a maioria absoluta no Parlamento pela primeira vez desde o fim do regime do apartheid. Segundo a comissão eleitoral, o partido ao qual pertenceu Nelson Mandela conquistou pouco mais de 40% dos votos neste pleito e terá que negociar com outros partidos do Parlamento para manter o atual presidente, Cyril Ramaphosa, no Executivo sul-africano.

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O ANC já confirmou que Ramaphosa permanecerá à frente do partido e que conversará com outras legendas, incluindo a do ex-presidente Jacob Zuma (2009-2018), para tentar chegar a acordos de formação do novo governo.

Em coletiva de imprensa no Centro Nacional de Resultados da Comissão Eleitoral Independente (IEC), o porta-voz do ANC, Fikile Mbalula, reconheceu o declínio do seu partido, que passou de 57,50% nas eleições de 2019 para 40,20%, segundo a apuração oficial que foi divulgada.

“Queremos assegurar ao povo da África do Sul que os ouvimos”, declarou Mbalula, depois de frisar que seu partido continua a ter mais votos, com quase 20 pontos de vantagem sobre o opositor Aliança Democrática (AD), de John Steenhuisen, que obteve 21,78% do total.

Mbalula disse ter recebido um “mandato firme” da população sul-africana e comemorou ter alcançado uma “maioria decisiva” em cinco das nove províncias do país.

O ANC, que atravessa o seu momento mais complicado, está imerso em um processo de renovação que não irá parar depois das eleições, acrescentou o porta-voz.

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ANC não permitirá pedidos para que Ramaphosa deixe a liderança do partido

É a primeira vez que o partido de Mandela não alcança a maioria absoluta desde as primeiras eleições multirraciais na África do Sul.Apesar dos maus resultados, Mbalula garantiu que o atual líder do ANC e presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, permanecerá à frente do partido, mesmo que outras legendas estabeleçam sua saída como condição de negociação.

“Ramaphosa é o presidente do CNA. Se eles vierem até nós com a exigência de que Ramaphosa renuncie ao cargo de presidente, isso não vai acontecer […] A tarefa dos líderes é assumir o comando quando o navio estiver quase afundando”, ressaltou.

Por fim, acrescentou que não aceitarão que qualquer partido imponha condições tão fortes ao ANC.
Abertos a “qualquer acordo”
Pela primeira vez em 30 anos, o ANC terá de negociar com outros partidos para permanecer à frente do Executivo.

Nenhuma legenda disse que não falará com o ANC, nem o ANC vetou qualquer formação, disse Mbalula, que antecipou que já estão trabalhando internamente nas negociações.

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O ANC deverá conversar com o uMkhonto weSizwe (Partido MK), a nova legenda do ex-presidente Zuma, processado pelo partido governista por dar o seu apoio público a outra organização enquanto ainda era membro do ANC.

O MK irrompeu em suas primeiras eleições gerais com 14,60% dos votos e arrebatou a terceira posição do extremista de esquerda Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF), do líder marxista Julius Malema, que antes das eleições se destacava como a terceira força política do país e caiu para o quarto lugar com 9,50% do total.

A aparição do MK influenciou significativamente a divisão dos votos do ANC, que também foi abalado por casos de corrupção como os protagonizados pelo próprio Zuma e desgastado pelos problemas que afetam o país, como o elevado desemprego, a criminalidade e os cortes de eletricidade.

Novo governo deverá ser formado nos próximos dias
É esperado que a Assembleia Nacional, o Parlamento, já com seus novos 400 membros, se reúna nas próximas semanas para definir o novo líder do país que, por sua vez, formará o novo governo. Ramaphosa está em busca de seu segundo e último mandato como presidente sul-africano.

A contagem final dos votos nestas eleições gerais deu ao ANC 159 assentos na Assembleia Nacional. A Aliança Democrática (AD), da oposição de direita, conquistou 87 assentos, enquanto o MK, liderado por Zuma, obteve 58. O extremista de esquerda Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF) ficou com 39 assentos. As demais vagas foram ocupadas por diversos outros partidos e grupos minoritários.

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