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As taxas dos DIs fecharam em alta pela terceira sessão consecutiva nesta quinta-feira, 27, em especial entre os contratos mais longos, traduzindo a continuidade do mal-estar no mercado em relação à área fiscal, em um novo dia de críticas do presidente Lula ao Banco Central, que por sua vez atualizou projeções e indicou que a alta da Selic não está em seu cenário base.

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No fim da tarde desta sexta-feira a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — encerrou praticamente estável, a 10,615%, ante 10,62% do ajuste anterior.

Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,305%, ante 11,265% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,71%, ante 11,65%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,25%, ante 12,199%, e o contrato para janeiro de 2033 marcava 12,27%, ante 12,207%.

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O novo avanço das taxas dos DIs nesta quinta-feira ocorreu a despeito de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries estarem em níveis acomodados, em leve baixa durante boa parte do dia.

No início do dia o BC divulgou seu Relatório de Inflação, que atualizou algumas projeções econômicas e abordou assuntos específicos ligados à política monetária.

Entre os destaques, o BC elevou de 1,9% para 2,3% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 — ainda abaixo dos 2,5% estimados pelo Ministério da Fazenda. Além disso, alterou de 48 bilhões para 53 bilhões de dólares o déficit em transações correntes estimado para 2024 e reduziu de 70 bilhões para 65 bilhões de dólares a projeção de Investimentos Diretos no País (IDP).

No fim da manhã, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, concederam entrevista coletiva em São Paulo. Nela, Campos Neto pontuou que a alta da Selic, atualmente em 10,50% ao ano, não está no cenário base do BC.

“Sobre alta de juros, não é o nosso cenário base, a gente entende que a linguagem adotada é compatível com não ter dado ‘guidance’ para o futuro neste momento”, disse.

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Campos Neto também afirmou que a desvalorização mais recente do real — que colocou o dólar acima dos 5,50 reais — está em linha com a elevação dos prêmios de risco do Brasil. Ao mesmo tempo, pontuou que falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva impactaram negativamente o mercado, aumentando os prêmios de risco.

“O que se mostrou no passado recente –não é uma opinião minha, é uma constatação– quando a gente olha movimentos de mercado em tempo real com os pronunciamentos, você teve piora em algumas variáveis macroeconômicas, em alguns preços de mercado”, afirmou Campos Neto, ao ser questionado se falas recentes do presidente sobre a política fiscal dificultam o trabalho do BC.

No mercado, a avaliação era de que tanto o Relatório de Inflação quanto a entrevista de Campos Neto não mudaram a percepção atual do mercado sobre a política monetária.

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“Não vi nenhum ruído para gerar estresse. Então, a alta das taxas (de DIs) hoje está muito mais pautada na percepção de risco, de que não existe comprometimento do governo em relação ao contingenciamento de gastos”, comentou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano. “Há muitas dúvidas em relação ao fiscal”, acrescentou.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027, um dos contratos mais líquidos, atingiu o pico de 11,815% às 12h23 — quando Campos Neto ainda concedia entrevista –, em alta de 17 pontos-base.

Em discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, também no início da tarde, Lula negou que sua entrevista na quarta-feira ao portal UOL tenha estressado os ativos, especificamente o dólar.

“Quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara”, disse o presidente. “Quem apostar em derivativo vai perder dinheiro nesse país.”

À tarde, em entrevista à rádio Itatiaia, Lula afirmou que não tem pressa para indicar o substituto de Roberto Campos Neto, cujo mandato termina no final do ano. O presidente também voltou a criticar a manutenção da Selic em 10,50% pelo BC.

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Perto do fechamento a precificação da curva de juros indicava 79% de chances de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em julho. Havia outros 21% de probabilidade precificados no sentido de que o colegiado poderá aumentar em 25 pontos-base a Selic. Na quarta-feira, os percentuais eram de 83% e 17%, respectivamente.

A curva precifica alta da Selic ainda em 2025 — a despeito de Campos Neto ter reiterado que a alta da taxa básica não está no cenário base da instituição.

Durante a tarde, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que o Brasil abriu 131.811 vagas formais de trabalho em maio, em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o menor saldo mensal do ano e o mais baixo para maio desde 2020. Os números não provocaram efeitos maiores sobre a curva.

Às 16h41, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 2 pontos-base, a 4,292%.

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