Uruguai e Argentina concordam em flexibilizar o Mercosul para que os países-membros possam negociar acordos comerciais com novos mercados de forma independente, uma antiga reivindicação do Uruguai no bloco.
“Estamos dando passos em direção a uma maior abertura”, celebrou o chanceler Omar Paganini em declarações à imprensa.
O chefe da diplomacia uruguaia destacou que sua homóloga argentina, Diana Mondino, registrou por escrito a mudança de postura de Buenos Aires em uma reunião realizada na segunda-feira na capital uruguaia, na qual também participaram os representantes dos outros países-membros do Mercosul: Mauro Vieira, do Brasil; Rubén Ramírez, do Paraguai; e Celinda Sosa, da Bolívia.
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“O Mercosul não conseguiu, nesses anos, se tornar um instrumento de acesso aos grandes mercados externos, somado a uma Tarifa Externa Comum elevada para os padrões internacionais. A Argentina propõe, então, que àqueles membros do bloco dispostos a abrir novos mercados seja permitido iniciar negociações de forma individual ou plurilateral”, afirmou Mondino, segundo comunicado da chancelaria argentina.
“Nosso objetivo é que, se em um período de tempo [duas reuniões do Grupo Mercado Comum, instância executiva do Mercosul] não for alcançado entendimento para negociar em conjunto, poderão ser iniciadas negociações sob essa terceira modalidade, e os acordos firmados estarão abertos à adesão dos demais Estados Partes”, acrescentou.
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O Uruguai, que ocupa a presidência pro tempore do Mercosul até o final do ano, espera que a iniciativa – que contrasta com a postura histórica do Brasil – avance.
“É claro que também precisamos que os outros parceiros se flexibilizem. Mas, ao mesmo tempo, todos estamos mais de acordo do que antes em sermos mais ativos no comércio internacional”, ressaltou Paganini.
O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, tem insistido que o Mercosul busque um Acordo de Livre Comércio com a China, e até iniciou conversas bilaterais com Pequim. Isso causou tensões no bloco, que ainda não conseguiu concluir o acordo com a União Europeia (UE), que negocia desde 1999.
“Esperamos que agora haja luz verde. A expectativa é moderada”, disse Paganini sobre a retomada das negociações com a UE nesta semana em Brasília.
Paralisado desde 2019, o pacto UE-Mercosul prevê eliminar a maioria das tarifas entre as duas regiões para criar uma área comercial de 700 milhões de consumidores. No entanto, há resistência de alguns países europeus, principalmente da França, cujo setor agropecuário teme a concorrência sul-americana.
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