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Multiplan (MULT3) chamou na noite da última quinta-feira (19) os acionistas para decidirem quem vai ficar com a fatia de 18,5% na companhia em meio à saída de um dos maiores investidores históricos da administradora de shoppings.

O Ontario Teacher’s Pension Plan (OTPP) colocou no fim de junho à venda toda a sua posição restante na companhia, cerca de dois meses depois de se desfazer da outra metade da fatia.

Acionista da empresa há 18 anos, o fundo de pensão dos professores canadense pretende vender as 111.260.914 ações MULT3 que detém na empresa.

De acordo com o acordo de acionistas entre o OTPP e o fundador da Multiplan, José Isaac Peres, o fundo não poderia vender a fatia de forma pulverizada em bolsa.

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O fundador da administradora de shoppings decidiu comprar as 21.211.387 ações, elevando sua fatia na companhia de 26,2% para 35,37%, excluindo o total em tesouraria.

No entanto, Peres decidiu oferecer à companhia, por meio da Multiplan Participações (MPAR), a oportunidade de adquirir 90.049.527 ações
Pelos termos do negócio — que você pode ler em detalhes mais adiante — a administradora de shoppings pode desembolsar aproximadamente R$ 2 bilhões pela participação.

A Multiplan convocou para 21 de outubro uma assembleia geral extraordinária (AGE) para decidir sobre a transação e as consequentes mudanças na estrutura de acionistas.

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A primeira reação do mercado ao negócio é positiva. As ações da Multiplan iniciaram o pregão desta sexta-feira (20) em alta de 2,86%, a R$ 27,30. No ano, os papéis acumulam leve queda de 0,54%.

Os termos do negócio estipulam a compra dos papéis a um preço unitário de R$ 22,21. O valor equivale a um desconto implícito de aproximadamente 16,2% em relação à cotação média das ações MULT3 nos últimos 30 pregões.

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A cifra ainda implica um desconto de 57,8% sobre o valor justo das propriedades, segundo comunicado enviado à CVM — um cap rate (taxa de capitalização, em português) implícito de 13%, um dos mais altos desde o IPO da companhia, realizado em 2007.

Vale lembrar que o cap rate mede o retorno de um investimento imobiliário através da relação entre a receita gerada pelo ativo e o preço de venda. Isso significa que, quanto maior for a quantia recebida pelo vendedor, menor o indicador.

Se a transação for adiante, a Multiplan pretende realizar a compra das ações com recursos próprios e financiamento de terceiros.

Caso os acionistas aprovem a operação na AGE, o fechamento do negócio está condicionado à extinção do acordo de acionistas atual para que o OTPP deixe de integrar o grupo de controle da administradora de shoppings.

Separadamente, a empresa também concordou em cancelar 22,6 milhões de ações atualmente mantidas em tesouraria, reduzindo a cifra para 577,8 milhões de papéis.

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Multiplan (MULT3): como vai funcionar a recompra
Segundo fato relevante enviado à CVM, a administração da Multiplan entendeu que a recompra das ações detidas pelo OTPP é “do interesse tanto da companhia quanto do conjunto dos seus acionistas”.

Vale destacar que o objetivo da Multiplan com a recompra de ações é eventualmente cancelar os papéis adquiridos. Com isso, o total de ações MULT3 em circulação (free float), excluindo os papéis mantidos em tesouraria, chegaria a 64,63%.

“Com a implementação da recompra, todos os acionistas terão sua participação aumentada proporcionalmente em 18,46%, desconsiderando-se as ações em tesouraria antes e após a operação”, escreveu a empresa.

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á alguns dias, o Santander afirmou que uma potencial aquisição da participação da MPAR pela OTPP seria “altamente positiva para os acionistas da Multiplan”.

Na visão do banco, a transação reforçaria o comprometimento do fundador com o negócio; além de destacar o quão descontada o valuation da companhia está atualmente.

Os analistas ainda avaliam que o negócio minimiza o risco de mudança na estratégia corporativa da Multiplan caso outro investidor entrasse para o grupo controlador.

Segundo o BTG Pactual, o acordo demonstra o comprometimento da família Peres com a empresa, aumentando sua participação na Multiplan.

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Além disso, para os analistas, a operação é positiva para acionistas minoritários, que compram o portfólio premium da Multiplan a um cap rate de 13% e que deve se traduzir em um ganho de 5% preço por FFO em 2025.

No entanto, o BTG avalia que, após o recente desempenho superior das ações MULT3, que já subiram cerca de 5% a mais do que os pares recentemente, o acordo já foi precificado em sua maior parte.

O Santander manteve recomendação “outperform”, equivalente a compra, para as ações MULT3, com preço-alvo de R$ 37 para o fim de 2025, alta potencial de 39% frente ao último fechamento.

Na avaliação do Goldman Sachs, a operação deve ser bem recebida pelo mercado e manteve recomendação de compra para as ações da Multiplan.

O banco reiterou o preço-alvo de R$ 33 para os próximos 12 meses, correspondente a uma valorização potencial de 24% em relação ao fechamento anterior.

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