Patrocinado

O dólar apresenta forte alta nesta sexta-feira (11), em meio a temores de investidores sobre as contas públicas do país. Na máxima da sessão, chegou a bater R$ 5,653. Já a Bolsa tinha queda 0,34%, aos 129.898 pontos.

SAIBA: JPMorgan tem forte queda dos papéis após perspectiva negativa

A tônica do dia tem sido a retomada da desconfiança do mercado quanto à cena fiscal brasileira. Em declarações nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

A proposta, para ele, “não é um compromisso de campanha, mas um compromisso de justiça”, afirmou em entrevista à Rádio O Povo/CBN, do Ceará.

LEIA: “Moraes tortura ex-deputado Daniel Silveira com progressão de pena fake”, afirma defesa

Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui.

LEIA: “Alexandre de Moraes faz interferência absurda nas eleições de São Paulo” ao intimar e ameaçar Pablo Marçal, afirma ex-procurador da República

“O que nós queremos é isentar aquelas pessoas até R$ 5 mil e, no futuro, isentar mais, porque, na minha cabeça, salário não é renda. Renda é o cara que vive de especulação. Esse, sim, deveria pagar imposto de renda”, disse o presidente.

Ele também criticou a isenção do IR para dividendos: “Você não pode fazer com que as pessoas que ganham R$ 5 mil paguem IR enquanto os caras que têm ação da Petrobras recebem R$ 45 bilhões de dividendos sem pagar.”

O Ministério da Fazenda estuda a criação de um imposto mínimo para pessoas físicas para garantir uma tributação efetiva da renda dos milionários no Brasil, para bancar o aumento para R$ 5.000 da faixa de isenção do IRPF. O valor atual de isenção é de dois salários mínimos (R$ 2.824).

Na proposta em estudo na Fazenda, o imposto mínimo sobre as pessoas físicas milionárias teria uma alíquota a ser definida entre 12% ou 15% da renda.

As falas de Lula criaram ruídos entre os investidores, em um momento em que o mercado já se mostrava sensível ao risco fiscal. Na quarta-feira, as taxas de juros futuros dispararam por dúvidas em relação à estabilidade das contas públicas.

LEIA: Boulos foi líder de votos em presídios de São Paulo e Marçal entre militares presos

“O governo começou a falar que vai isentar e que vai arrecadar, mas não se sabe como isso será feito. Em momento algum se fala em contenção de gastos ou controle da ponta das despesas, então isso cria um ruído sobre o Brasil, que está perdendo mais uma oportunidade de acompanhar as máximas das Bolsas americanas e o bom humor global”, avalia Ramon Coser, especialista da Valor Investimentos.

Em resposta, além da disparada do câmbio, as curvas de juros futuros subiam mais de 1% nesta sessão.

A taxa do contrato para janeiro de 2026 subia para 12,645%, de 12,595% do ajuste anterior. A de janeiro de 2027 avançava para 12,795%, de 12,705%. A de janeiro de 2029 marcava 12,745%, ante 12,675%.

A leitura é que os juros terão de subir para dar conta das pressões inflacionárias, causadas, em parte, pela expansão de gastos públicos. O mercado ainda duvida da capacidade estrutural do governo de bancar as contas do país, à medida que o déficit tem sido coberto com receitas não recorrentes.

VEJA: China troca imagens de Jesus e Maria pelas de Xi Jinping e Mao-Tsé-Tung

O alerta também apareceu na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), quando a taxa básica de juros do país, a Selic, teve alta de 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano.

Os dirigentes da autarquia, em especial o presidente Roberto Campos Neto, têm reiterado que é preciso de um choque fiscal positivo para que o país consiga voltar a conviver com taxas mais baixas de juros.

O movimento de aperto na Selic tem sido o oposto do adotado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

A autoridade americana iniciou o aguardado ciclo de cortes no encontro de setembro, tendo como justificativa a gradual convergência da inflação à meta de 2% e a desaceleração dos níveis de emprego. A redução a primeira em quatro anos foi de 0,50 ponto percentual, levando a taxa à banda de 4,75% e 5%.

Os números de inflação e de emprego têm sido monitorados de perto pelos investidores, que buscam pistas sobre as próximas decisões de juros.

MAIS: Estatais sob governo Lula acumulam déficit histórico, segundo Banco Central

Na ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de um corte de 0,25 ponto reunia 85,9% dos operadores, enquanto a de manutenção da taxa no atual patamar tinha os 14,1% restantes.

Quanto menores os juros nos Estados Unidos, pior para o dólar, que se torna menos atraente conforme os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro norte-americano, os treasuries, caem. A perspectiva de cortes mais graduais, porém, tem favorecido a moeda em relação às outras divisas, sobretudo o real, que acumula perdas de mais de 3,27% só nesta semana.

MAIS: Simples Nacional na mira do governo Lula para arrecadar mais impostos e reduzir endividamento pelo excesso de gastos

Também na cena internacional, os investidores aguardavam o detalhamento do pacote de estímulos da China.

Na terça-feira, a divulgação de parte dos planos das autoridades chinesas para reaquecer a economia decepcionou o mercado, e, no dia seguinte, o Ministério das Finanças afirmou que irá realizar uma entrevista coletiva no sábado para detalhar as medidas fiscais de estímulo, impondo cautela aos operadores.

A junção de pressões domésticas e externas pressionava os ativos brasileiros. Com boa parte das empresas no negativo, as perdas do Ibovespa só não eram maiores por causa do apoio da Vale, em alta de 1,32% por causa da valorização do minério de ferro no exterior.

Receba conteúdo exclusivo sobre os temas de seu interesse! Confirme em sua caixa de e-mail sua inscrição para não perder nada