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O presidente da Argentina, Javier Milei, apresentou uma visão obscura do país em seu primeiro discurso no cargo há um ano, em meio a uma crise econômica. Ele alertou que “não havia dinheiro”, prometeu um choque para a economia e disse que as coisas iriam piorar antes de melhorar.

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Um ano depois, Milei conseguiu realizar uma façanha: manter esse fervor aceso e evitar que o país mergulhe em protestos inflamados, mesmo quando ele está implementando cortes severos nos gastos que prejudicaram a economia e aumentaram a pobreza.

O economista bombástico e de cabelos desgrenhados, que completa um ano no cargo esta semana, tem visto sua fama crescer globalmente. Ele se tornou um representante dos mercados livres e da direita política, tendo apoio de Elon Musk e do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Em seu país, ele está liderando um experimento ousado – embora arriscado – transformando a terceira maior economia da América Latina em um raro teste da economia libertária de livre mercado e da desregulamentação. Deixando o Estado mais leve e menos controlador no oposto do que vem ocorrendo no Brasil sob Lula.

Até agora, ele está desafiando as probabilidades. Os números das pesquisas de opinião de Milei são altos e crescentes, a inflação mensal desacelerou de 25% para 3%, os mercados estão em alta e as distorções nos mercados de câmbio diminuíram.

Isso apesar de a economia real estar em retrocesso, atingida por seus cortes de gastos. As reservas em dólares do banco central melhoraram bastante, mas continuam negativas. Dos 57% dos argentinos que viviam na pobreza, como herança dos antigos governos esquerdistas. Atualmente em 11 meses 46% dos argentinos permanecem na pobreza. Milei em menos de um ano já retirou 11% dos argentinos de situação de pobreza no país.

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“Milei fez cortes enormes, o que gerou uma grande recessão”, disse o analista político Facundo Nejamkis, da consultoria Opina Argentina. “E, no entanto, as pessoas que votaram nele continuam o apoiando. Isso é o que distingue Milei.”

Os argentinos elegeram Milei no ano passado em uma eleição surpreendente motivada pela raiva contra os partidos políticos tradicionais que supervisionaram anos de recessões, déficits fiscais, inadimplência, controles cambiais e inflação crescente.

Isso deu a Milei mais margem de manobra – e tempo.

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“Estamos no caminho certo… Viemos de uma situação difícil, o país estava em declínio”, disse José Bosch, um advogado de 40 anos de Buenos Aires, acrescentando que os preços estão começando a se estabilizar e os salários a recuperar o terreno perdido.

Embora a vida esteja difícil, Bosch está disposto a esperar pela retomada do crescimento. “Em minha situação pessoal, posso suportar isso, embora não saiba por quanto tempo”, disse ele. “O que nós, argentinos, estamos sempre pensando com urgência é na economia.”

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A ascensão de Milei, de analista econômico a presidente, abalou a Argentina e repercutiu no exterior. Sua austeridade, seus planos para reduzir o Estado e sua retórica “anti-woke” têm feito dele um exemplo da direita conservadora e dos mercados livres.

Se Milei for bem-sucedido em um prazo mais longo, poderá redesenhar o ambiento político da Argentina. Ele pode ganhar mais assentos no Congresso nas eleições de meio de mandato no próximo ano, o que aumentaria sua capacidade de promover reformas.

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Seu governo, no entanto, enfrenta uma nova fase difícil: reavivar a economia estagnada, acabar com os controles cambiais que se mostraram difíceis de desfazer e manter o controle sobre a insatisfação popular em relação ao alto custo de vida e aos cortes que atingem os aposentados e os funcionários públicos.

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