Após o feriado de Natal o mercado brasileiro foi ainda mais fraco com fluxo pequeno. O dólar fechou a quinta-feira pós-Natal estável no Brasil após o Banco Central vender ao mercado 3 bilhões de dólares em leilão à vista realizado no início da sessão, enquanto no exterior a moeda norte-americana tinha desempenho misto ante as demais divisas.
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O dólar à vista fechou em R$618,29 na B3 (BVMF:B3SA3). No início da sessão o BC vendeu 3 bilhões de dólares ao mercado, elevando para 30,77 bilhões o total de leilões realizados desde que a instituição passou a intervir, há duas semanas, no mercado de câmbio. Esta conta inclui tanto as operações à vista quanto os leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra).
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As operações do BC buscam atender à demanda por dólares por parte de empresas e fundos, para remessas ao exterior.
“Em dezembro desse ano, o Banco Central interveio diversas vezes no mercado com leilões de dólar à vista que somaram 19 bilhões de dólares, além de leilões de linha de cerca de 11 bilhões de dólares. O último ano com maior volume de venda de câmbio pronto havia sido em 2020, ano da pandemia, quando o BC vendeu um total de 24 bilhões de dólares no mercado à vista”.
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Embora o dólar tenha chegado a subir em alguns momentos da sessão desta quinta-feira, o leilão do BC garantiu o fechamento em baixa, na visão de alguns profissionais.
“O leilão… segurou bem o preço. Não foi muito o que a gente viu nos últimos leilões, em que (o BC) tentava fazer o leilão e o dólar voltava (a subir). Desta vez, o dólar está segurando bem a desvalorização”, comentou durante a tarde Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
Investidores também se mantiveram atentos ao noticiário vindo de Brasília – embora o Congresso esteja oficialmente em recesso até fevereiro.
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Pela manhã, notícias na imprensa deram conta de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou para a tarde desta quinta-feira reunião de emergência com líderes da Casa. Na pauta estaria a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de suspender o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas parlamentares.
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Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a máxima de 6,1987 (+0,22% ante o fechamento da segunda-feira) às 10h23 e a mínima de 6,1466 reais (-0,62%) às 12h53.
No exterior, às 17h12 o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,01%, a 108,100.
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Pela manhã, além da operação à vista, o BC vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 18,427 bilhões de dólares em dezembro até o dia 20. Somente na semana passada saíram do país 11,640 bilhões líquidos, sendo que no período o Banco Central realizou uma série de leilões de moeda para dar conta da demanda de empresas e fundos interessados em enviar recursos ao exterior.
Desde que mergulhou 3,15% no fechamento de 18 de dezembro, saindo então da linha dos 124 mil para a dos 120 mil pontos, o Ibovespa tem oscilado em margem mais estreita, limitada aos 122 mil, marca vista no encerramento do dia 20, sexta-feira passada.
Hoje, faltando duas sessões para o fim do ano, reconquistou por pouco um degrau, aos 121.077,50 pontos, em leve alta de 0,26%, apesar do avanço da curva do DI ante a tensão entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso em torno da liberação de emendas parlamentares – que pode se espraiar a 2025 e afetar a votação de matérias ainda pendentes, e importantes, como o Orçamento federal.
Juros voltam a subir com aversão ao risco
Em meio ao desconforto fiscal doméstico, que ganhou um novo capítulo nesta semana com a chamada “crise das emendas”, os juros futuros encerraram a primeira sessão após o feriado de Natal em alta firme, com avanço de mais de 30 pontos nos vértices mais longos.
No meio da tarde, o mercado chegou a experimentar um certo alívio, na esteira do arrefecimento das taxas dos Treasuries, com o retorno dos papéis de 2 e 30 anos passando a operar em terreno negativo. Mas o caldo voltou a entornar nos minutos finais da sessão, sem que operadores tenham identificado um gatilho específico. A liquidez reduzida, contudo, tende a exacerbar movimentos tanto para cima quanto para baixo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 15,41%, de 15,246% no ajuste anterior. Após máxima a 15,755%, DI para janeiro de 2027 terminou em 15,70% (de 15,454%). Já o contrato de DI para janeiro de 2029 subiu de 14,999% para 15,41% com máxima a 15,425%.
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Com a agenda esvaziada, as atenções se voltaram aos atritos entre Judiciário e Legislativo e seus reflexos potenciais no andamento de projetos do governo no Congresso. A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira, 23, de suspender o pagamento de emendas parlamentares pode ameaçar até a votação do Orçamento de 2025.
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Segundo o economistas, curva já espelha alta de 150 pontos-base na taxa básica no próximo Copom, acima do forward guidance fornecido pelo comitê do BC no último dia 11, quando escreveu no comunicado que antevia uma elevação de 100 ponto em janeiro e outra de igual magnitude na reunião seguinte, em março. Para o nível da Selic terminal, a curva mostra 16,75%.