O jornal alemão Handelsblatt, especializado em temas relacionados à economia e negócios, publicou uma reportagem com críticas ao Judiciário brasileiro, condenando relações de autoridades públicas com o setor privado e outras ações de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A matéria diz que, inicialmente, o Brasil seguiu o modelo alemão de Justiça, no entanto, ao longo dos anos, o funcionalismo público se tornou uma “casta cheia de privilégios”.
A reportagem cita o professor de direito público da Universidade de São Paulo (USP) Conrado Hübner, que classifica o evento do ministro Gilmar Mendes, como uma “grande reunião de lobby”.
A matéria diz ainda que o STF “provou ser o garantidor da democracia” no Brasil, recentemente, se referindo à suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro que, segundo o jornal, tentou “declarar ilegais as eleições de 2022”.
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Apesar da defesa à Justiça nesse sentido, o Handelsblatt destaca que o “nepotismo e o aproveitamento” tornam o sistema judiciário brasileiro “vulnerável”.
A reportagem diz que, ao longo de 36 anos de democracia, a Justiça do Brasil se transformou em uma verdadeira elite que recebe “altos salários e privilégios incomuns, comparáveis aos da corte portuguesa no período colonial”.
O jornal afirma que, “em outras palavras, os juízes e procuradores são oficialmente convidados por aqueles que estão atualmente processando ou prestes a julgar”.
Um dos exemplos citados pelo jornal alemão é o do ministro Gilmar Mender, do STF, que é fundador do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), responsável por organizar anualmente um evento com as elites econômica e política do Brasil, reunindo juízes, advogados, procuradores, empresários e outros para “definir os rumos do país”. O encontro, que acontece em Portugal, foi apelidado de “Gilmarpalooza”, em referência ao festival de música Lollapalooza.
Outra questão apontada como crítica pelo Handelsblatt envolve um posicionamento recente do ministro Alexandre de Moraes, rejeitando a necessidade de um código de ética para os membros do Judiciário brasileiro. Segundo Moraes, “os ministros já se orientam pelo comportamento ético que a Constituição lhes prescreve”.