Mais diretores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) devem pedir demissão até o final do mês. Ivone Batista e Patrícia Costa, diretora e diretora-adjunta de Geociências, respectivamente, devem deixar o órgão ainda em janeiro.
Se a notícia for confirmada, elas estarão no mesmo grupo que a diretora de Pesquisas Econômicas, Elizabeth Hypólito, e seu diretor-adjunto, João Hallak, que saíram no começo do mês.
MAIS: Financiamento imobiliário pela Caixa fica mais caro em 2025 sob Lula
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique
SAIBA: Governo Lula acaba com o abono salarial para quem ganha dois salários mínimos
O jornalista diz que a motivação por trás dos pedidos de demissão dos diretores é a insatisfação da diretoria do IBGE com o novo presidente, Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea, que foi escolhido pelo presidente Lula (PT).
O que tem gerado problemas no órgão é a Fundação IBGE+, que seria responsável por receber recursos para projetos e pesquisas que não poderiam ser desenvolvidos anteriormente.
A Fundação IBGE+ tem autonomia gerencial, orçamentária e financeira, e é supervisionada pelo IBGE, mas os diretores acreditam que essa nova frente tiraria o protagonismo do próprio IBGE na condução das pesquisas do país. As informação são de Lauro Jardim, do O Globo.
VEJA: Lula gasta milhões em viagens de integrantes do Conselhão e veta ajuda a crianças com.
Um ano após o economista petista Márcio Pochmann assumir a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), emergiu uma crise interna da instituição, revelada pelo protesto público de seus servidores contra mudanças “arbitrárias e sem transparência” tocadas por sua gestão.
A inédita tensão entre um presidente do IBGE e técnicos do órgão defendidos pelo seu sindicato tornou explícita uma disputa pelo controle político dos números oficiais do país, prevista por críticos de Pochmann desde sua indicação ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 20 de setembro do ano passado o Sindicato dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge) convocou para o dia 26 um ato em frente à sede do IBGE, no Rio. A ação exige o fim da “postura autoritária” de Pochmann e diálogo sobre alterações no instituto.
A entidade contestou alterações no estatuto do IBGE, novo organograma gerencial e, sobretudo, a criação de uma fundação pública de direito privado, a IBGE+, também chamada pelos críticos de “IBGE paralelo”.
Segundo a Assibge, a nova fundação foi divulgada de maneira superficial aos servidores só em 9 de setembro, quase dois meses após sua criação, sem informar como seriam preenchidos seus cargos. Após acessar o estatuto, o sindicato expôs “elevada preocupação” pelos riscos da IBGE+ para o IBGE.
O estatuto da fundação permite contratar funcionários pela CLT e ser financiada por parcerias com o Poder Público e a iniciativa privada. A IBGE+ será dirigida por cinco diretores remunerados, de livre nomeação, indicados pelo presidente do IBGE, sem precisarem ser servidores do instituto.
MAIS: Governo Lula vai comprar energia da Venezuela através de Irmãos Batista
O Conselho Curador da fundação terá cinco membros remunerados e indicados “majoritariamente” pelo Conselho Diretor do IBGE, sendo que só um precisará ser servidor do instituto. A fundação poderá criar ainda número indefinido de cargos de assessores especiais de livre.
Ao jornal O Estado de São Paulo, em 21 de agosto, Pochmann revelou que preparava a reorganização do IBGE para incorporar tecnologias e encabeçar o Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (Singed), centralizando a análise de dados do governo. As declarações dele sobre o “novo IBGE” irritaram técnicos do instituto, que se sentiram ignorados.
Crise do IBGE ameaça plano para país reconquistar o grau de investimento, avaliam especialistas
“O objetivo depende em boa parte da solidez de instituições de pesquisa e da confiabilidade dos seus dados. Mas a turbulência no IBGE gera incertezas quanto à sua capacidade de entregar dados confiáveis, fundamentais ao mercado financeiro, à indústria e à própria gestão pública. Se seus números forem questionados, o Brasil pode enfrentar sérias consequências”, alerta.
Possível manipulação de dados oficiais aproximaria o Brasil de países autoritários
Para o analista financeiro VanDyck Silveira, as mudanças em marcha no IBGE são embaraçosas ao sinalizar para métodos de controle das informações nacionais, algo que parece inspirado em países autoritários e inéditos em democracias. “Dados enfeitados ainda não surgiram. Mas surgirão”, adverte.
LEIA: Funcionários terceirizados de Ministérios estão com salários atrasados
“É difícil de acreditar que um órgão da mais alta qualidade profissional como o IBGE esteja sendo apoderado politicamente pelo governo, a partir da criação de uma organização paralela. Tenho muita preocupação sobre como produzirão dados de emprego, inflação e Produto Interno Bruto”, disse.
O palestrante e conselheiro de empresas Ismar Becker considera ter sido “mais um tiro no pé” do terceiro governo de Lula dar respaldo aos planos estruturais de Pochmann, personagem identificado por sua militância partidária. “A partir do momento que ele entrou no IBGE, acabou a credibilidade”, resumiu.
.