Mesmo com crescimento forte e baixas taxas de desemprego, o Brasil vive um “pesadelo”: não tem atratividade para investimentos e vê o governo Lula perder credibilidade a cada nova medida. Para completar o caos, a inflação sobe progressivamente, enquanto o Banco Central tenta “estancar” a sangria, levando a Selic a uma nova escalada – quando a maioria dos outros bancos centrais mundiais já estão tendendo para o corte nos juros.
Diante disso tudo, Felipe Guerra, sócio da Legacy Capital, gestora responsável por aproximadamente R$ 20 bilhões em recursos, não esconde o pessimismo. Na visão dele, o Brasil está vulnerável e o governo, perdido.
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A pior notícia disso tudo é que, na visão do gestor, não há perspectivas de melhora. “Precisaria de uma mudança de mentalidade que hoje a gente não consegue acreditar”, comenta.
No meio desse cenário hostil e extremamente volátil, os investimentos na bolsa brasileira têm pouco espaço para prosperar. Embora Guerra reconheça que existem ações baratas no momento, ele prefere ficar de fora.
A possível saída para o “buraco” onde o Brasil se colocou não é fácil. “Infelizmente, o país precisa passar por um período de desaceleração para equilibrar as variáveis macroeconômicas”, afirma o gestor.
Com a economia muito aquecida e a falta de um corte de gastos robusto, um fantasma conhecido do país volta a dar as caras: a inflação.
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E é aí que entra o Banco Central, que precisa adotar uma postura relativamente impopular de aperto monetário.
Na visão do sócio da Legacy, a taxa Selic “ideal” para controlar de vez a escalada inflacionária seria de 17,5% ao ano. No entanto, ele considera que esse cenário é improvável.
Para 2025, Guerra prevê que a inflação deve ficar acima dos 6%. Mais do que isso, o Brasil deve conviver com a inflação alta pelos próximos três anos. “O Banco Central sozinho não consegue controlar a inflação”, comenta. Ele reconhece que, sem a ajuda do governo federal, o trabalho da instituição é muito duro.
A situação do país é a de vulnerabilidade, e o fato de a dívida estar muito elevada é só mais um ponto negativo para uma sequência de fatores que acabam jogando contra o mercado brasileiro.
Embora a inflação por lá esteja caindo em um ritmo um pouco mais lento do que o esperado, a economia estadunidense tem demonstrado muita resiliência em termos de crescimento. Os bons resultados das empresas, revelados na atual temporada de balanços, é uma prova disso.
A volta de Donald Trump à presidência também é vista com bons olhos, principalmente por conta da perspectiva de uma agenda mais alinhada à direita, com desregulamentação da economia, postura pró-negócios e menos impostos.
Um ponto de preocupação citado por Guerra é a questão das tarifas, que o republicano ameaça impor para diversos países, inclusive o Brasil.
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É um equilíbrio delicado: a depender das dimensões das novas taxas, Trump pode causar uma desaceleração na economia americana (que não será capaz de suprir todas as demandas apenas com o mercado interno) ou mesmo uma retaliação de outros países, causando uma guerra comercial.