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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou, na última quinta-feira (22), que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,1% em maio na comparação com abril, marcando o quarto mês consecutivo de queda.

Embora o índice permaneça dentro da zona considerada de otimismo — com 101,5 pontos ajustados sazonalmente —, o movimento descendente reforça a cautela do consumidor brasileiro em meio a um cenário macroeconômico desafiador.

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A pesquisa apontou ainda uma queda de 2,1% na comparação anual, reflexo da combinação de inflação persistente e taxa Selic em patamar elevado, o que tem corroído o poder de compra das famílias e encarecido o crédito.

“Os dados revelam a fragilidade da confiança das famílias, especialmente entre quem possui maior renda e os homens”, destacou a CNC em nota oficial.

Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a combinação de juros altos e inflação elevada está comprimindo o orçamento familiar. Ele afirma que o momento exige equilíbrio entre controle da inflação e estímulos moderados à economia, evitando o crescimento da inadimplência.

Impacto direto nos bens duráveis
Momento para Compra de Bens Duráveis: queda acentuada
Entre os componentes analisados, o subíndice “Momento para Compra de Bens Duráveis” foi o que mais sofreu: caiu 7,6% em um ano. Esse dado escancara o impacto direto dos juros altos sobre o consumo de longo prazo.

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Os bens duráveis — como eletrodomésticos, móveis e eletrônicos — geralmente são adquiridos via parcelamento, o que os torna sensíveis a variações na taxa de juros. A alta da Selic torna essas compras menos atrativas, levando o consumidor a adiar ou desistir de grandes aquisições.

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Acesso ao crédito: leve melhora mensal, mas queda anual
Outro ponto de destaque é o Acesso ao Crédito, que apresentou queda de 0,9% na comparação com maio de 2024, mas subiu 1,4% em relação ao mês anterior. Essa leve melhora mensal surpreende, considerando o cenário restritivo.

“Mesmo em cenário adverso, houve melhora da percepção de acesso ao crédito, com 31,5% dos entrevistados dizendo estar mais fácil obtê-lo, o maior nível desde outubro”, afirmou João Marcelo Costa, economista da CNC.

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Isso indica que, apesar do aperto monetário, instituições financeiras vêm adotando estratégias para manter a oferta de crédito, o que ajuda a sustentar parte do consumo.

Análise por faixa de renda
Renda alta: mais cautela com o futuro
As famílias com renda superior a 10 salários mínimos mostraram uma leve alta mensal de 0,5% na intenção de consumo, com Acesso ao Crédito subindo 1,2%. No entanto, na comparação anual, a queda foi de 2,2%, especialmente pela percepção negativa nas perspectivas profissionais (-1,5%).

Famílias de renda mais alta estão mais expostas ao financiamento de bens duráveis, o que as torna mais vulneráveis ao ambiente macroeconômico”, destacou Costa.

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Renda baixa: otimismo moderado, mas menor poder de compra
Entre as famílias com renda inferior a 10 salários mínimos, a queda anual foi de 1,9%, com destaque para a Perspectiva de Consumo, que recuou 3,3%. Apesar disso, essas famílias apresentaram melhora nas perspectivas profissionais (+0,8%), o que pode indicar maior confiança em manter ou conseguir emprego.

Diferenças entre homens e mulheres
Homens: maior retração no consumo
A análise por gênero também revela contrastes importantes. A intenção de consumo entre os homens caiu 2,8% no ano, enquanto entre as mulheres, o recuo foi de apenas 1,0%.

Os homens mostraram mais dificuldades no acesso ao crédito (-1,8%) e menos confiança na estabilidade profissional (-0,5%). A expectativa de consumo futuro também foi a mais negativa entre os homens, com queda de 4,0%.

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Mulheres: mais resiliência
Por outro lado, as mulheres mostraram maior resiliência:

Crescimento de 1,4% na Perspectiva Profissional
Leve melhora no Acesso ao Crédito (+0,4%)
Apesar disso, as expectativas de consumo também caíram, evidenciando um clima geral de cautela, mesmo entre os grupos mais otimistas.

Perspectivas para o consumo no segundo semestre
Com a taxa Selic ainda elevada e sem expectativa de cortes agressivos no curto prazo, o consumo das famílias pode continuar em ritmo lento. A pressão inflacionária sobre alimentos, energia e combustíveis também limita o espaço para retomada do consumo.

No entanto, o avanço gradual no mercado de trabalho e a melhora no acesso ao crédito podem funcionar como freios à queda, especialmente se vierem acompanhados de estabilidade econômica e política.

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A queda na intenção de consumo das famílias em maio, revelada pela pesquisa da CNC, reflete um ambiente de cautela crescente entre os brasileiros.

A inflação resistente, a taxa Selic alta e o crédito ainda caro estão moldando um consumidor mais seletivo e conservador, com destaque para os impactos mais fortes sobre o consumo de bens duráveis.

Ainda que alguns indicadores tenham melhorado marginalmente, como o acesso ao crédito, o sentimento geral permanece fragilizado — com diferenças marcantes entre renda, gênero e tipo de consumo.

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