As ações da MRV (MRVE3 (BVMF:MRVE3)) operam em forte queda nesta terça-feira (15), tornando-se a maior perda do Ibovespa hoje no início da tarde, os papéis recuavam 3,99% a R$ 6,02, com mínima em R$ 5,77. O volume total negociado foi de R$ 127,36 milhões até o momento.
A reação negativa do mercado está ligada à divulgação da prévia operacional do 2º trimestre de 2025, na noite de ontem, e ao anúncio na última sexta-feira de uma baixa contábil de US$ 144 milhões nas operações da subsidiária americana Resia.
MRVEV3: Lançamentos sólidos, mas fluxo de caixa decepciona
A construtora reportou lançamentos robustos no segundo trimestre de 2025, somando R$ 3,45 bilhões, alta de 54,2% em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionados principalmente pelos projetos do programa Minha Casa Minha Vida (R$ 3,25 bilhões). No primeiro semestre, a soma do valor lançado no período foi de R$6,34 bilhões.
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A reação norte-americana se deu no contexto de um processo penal conduzido por Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro, por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, no qual a Procuradoria-Geral da República, indicada por Lula, apresentava suas alegações finais justamente no dia da nota. Em resposta a essa pressão, o presidente Lula assinou um decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade, que pode ser utilizada como medida de retaliação brasileira frente ao aumento das tarifas americanas.
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Para o ano, a MRV estimou anteriormente R$11 bilhões em lançamentos nesse segmento. O diretor financeiro da construtora, Ricardo Paixão, ressaltou, durante a apresentação dos dados operacionais ontem, que o segundo e o terceiro trimestres são, normalmente, mais fortes em lançamentos.
As vendas líquidas também vieram fortes, alcançando R$ 2,69 bilhões, alta de 24% frente ao trimestre anterior, mas com um crescimento anual de 5,8%. O avanço anual poderia ser maior se houvesse o repasse de recursos de programas regionais de habitação de aproximadamente R$ 310 milhões, cerca de 1,3 mil unidades, segundo a MRV. Mesmo assim, o valor das vendas líquidas foi 11% acima das projeções do Itaú BBA e de 15% das estimativas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11).
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No entanto, esses dados positivos pelo consumo de caixa livre de R$ 102 milhões no Brasil, acima da expectativa do BTG Pactual. A queima foi resultado também de atrasos no repasse de contratos de programas regionais de habitação, consumindo cerca de R$ 77 milhões, segundo o BTG. “Esperava-se uma queima de caixa para o trimestre e o valor atual se compara ao consumo de caixa de R$ 150 milhões do 1T25”, destacam os analistas do Itaú BBA.
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Impairment na Resia reacende alerta sobre alavancagem
Outro fator que reforça o pessimismo dos investidores é a baixa contábil de US$ 144 milhões na Resia, a divisão da MRV nos Estados Unido, para o segundo trimestre de 2025. O impairment é relacionado a ativos que devem ser vendidos abaixo do valor de aquisição, sendo US$ 81 milhões em terrenos e US$ 63 milhões em projetos legados.
Apesar disso, a companhia destacou que a Resia gerou US$ 39 milhões de caixa no trimestre, com a venda do projeto Dallas West, avanço no leasing de novos empreendimentos e menores custos de construção. A expectativa é que a operação gere US$ 493 milhões em caixa até 2026, o que contribuiria para reduzir a alavancagem da subsidiária americana, hoje em 144%, para 54%.
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Visão dos analistas: reação mista, mas cautelosa
BTG Pactual considera os números do 2T25 “mistos”: apesar dos lançamentos e vendas expressivos, o fluxo de caixa veio abaixo do esperado. O banco mantém recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 17,00, citando o desconto em relação ao valor patrimonial (0,75x P/TBV) e a possibilidade de valorização quando os resultados “normalizarem”. Ainda assim, alerta que o processo de recuperação da MRV está mais lento que o previsto, o que deve manter o momento de curto prazo enfraquecido.
Já o Itaú BBA, embora tenha reconhecido os bons números operacionais, também apontou que o consumo de caixa de R$ 104 milhões foi superior ao projetado. A instituição classifica a reação como levemente positiva, devido à melhora da Resia, mas reforça preferência por outras companhias do segmento de baixa renda, como Direcional (BVMF:DIRR3) e Cury (CURY3 (BVMF:CURY3)).
O papel ainda segue penalizado por resultados negativos recentes, com um Lucro por Ação (LPA) ajustado de R$ -0,62 no primeiro trimestre do ano. A combinação de baixa contábil relevante, pressão técnica clara e ambiente macro desafiador explica a forte queda de hoje. O investidor atento acompanha de perto os próximos resultados e a execução do plano de geração de caixa nos EUA.