Uma decisão do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, provocou forte reação institucional ao suspender a inclusão da empresa JBS Aves na “lista suja” do trabalho escravo. O Fato ocorre no mesmo mês em que o Brasil sob Lula entra para a lista negra internacional do trabalho escravo.
O caso ganhou contornos ainda mais controversos quando veio à tona que Marinho segurou o processo por semanas, mesmo após parecer técnico favorável à inclusão da empresa no cadastro. A manobra permitiu que o prazo de fechamento da lista — que é atualizada semestralmente — expirasse, impedindo que a JBS fosse oficialmente incluída na versão publicada em outubro.
A empresa foi alvo de fiscalização em abril, quando auditores resgataram trabalhadores em condições análogas à escravidão em granjas no Rio Grande do Sul. Os relatos incluíam jornadas exaustivas, alojamentos insalubres e descontos ilegais nos salários. O processo administrativo foi concluído com recomendação técnica para inclusão da empresa no cadastro.
A decisão de Marinho, respaldada por parecer jurídico da Advocacia-Geral da União, alegou “complexidade fática e jurídica” e o “potencial de alcance nacional das consequências jurídico-econômicas”. No entanto, a postergação deliberada do despacho final até o fechamento da lista levantou suspeitas de favorecimento político.
LEIA: Caixa bloqueia empréstimos imobiliários devido a escassez de recursos e busca por taxas mais elevada
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News
LEIA: Careca do escândalo do “roubo dos aposentados do INSS” pagou R$ 5 milhões para publicitária do PT
MAIS: Brasil sob Lula entra para lista de governos que não combatem o trabalho escravo e tráfico humano
A reação foi imediata: nove coordenadores regionais de fiscalização pediram exoneração dos cargos de chefia em protesto. Entidades como o Ministério Público do Trabalho e a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) também criticaram a interferência, apontando risco à credibilidade do sistema de combate ao trabalho escravo.
VEJA: Rejeição a Janja supera 61%, casal presidencial inicia campanha eleitoral junto.
A JBS afirmou que rompeu o contrato com a terceirizada envolvida e que mantém política de “tolerância zero” com irregularidades trabalhistas. A empresa esteve presente em diversas agendas no Ministério do Trabalho ao longo do ano, incluindo visitas do próprio ministro às instalações da companhia.
MAIS: Ministério da Agricultura do PT “tem envolvimento no roubo do INSS” através de…
A “lista suja” é um instrumento de transparência criado em 2003, usado por bancos e empresas para avaliar riscos socioambientais. Embora não imponha sanções diretas, sua publicação tem impacto comercial relevante.
A manobra de Marinho abre um precedente delicado: ao segurar um processo técnico até o fechamento do cadastro, o ministro não apenas evitou a inclusão da empresa, mas também fragilizou a autonomia da fiscalização e a confiança no sistema de proteção ao trabalhador.