A Rede D’Or (RDOR3) estaria preparando uma oferta para incorporar empresa de diagnósticos médicos Fleury (FLRY3), em mais um passo estratégico de verticalização na cadeia de saúde suplementar, segundo reportagens na mídia. No entanto, ambas companhias informaram que não chegaram a nenhum acordo para unificar seus negócios. Às 10h27, RDOR3 subia 0,40%, a R$ 33,05, as ações da Fleury entraram em leilão após disparar 16,71%, atingindo R$ 14,74; saindo do leilão, às 10h35, os papéis subiam cerca de 15%, com ganhos de 15,04%, a R$ 14,53.
O Goldman Sachs vê mérito estratégico nesse movimento, caso o negócio se concretize. Lembra ainda que, em agosto de 2021, a Rede D’Or já havia anunciado uma oferta pela Alliar (outro grupo relevante de diagnósticos), demonstrando que o segmento de diagnósticos está nos planos de alocação de capital da companhia há algum tempo — embora aquele negócio não tenha avançado.
Mesmo sem avaliar o valor presente líquido (VPL) das potenciais sinergias, o Goldman acredita que a Fleury poderia se beneficiar da gestão da Rede D’Or por meio de melhores condições de compras (especialmente em materiais, onde há sobreposição), estrutura administrativa mais enxuta e maior poder de barganha junto aos planos de saúde.
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Para a Rede D’Or, conforme Goldman, a aquisição seria uma forma de ampliar sua presença ao longo da jornada do paciente — da atenção primária à hospitalização — por meio da entrada no segmento de diagnósticos, adquirindo um dos melhores operadores do setor, com reputação consolidada e marca forte junto à comunidade médica.
Além disso, o negócio reforçaria a tese do Goldman de que a Rede D’Or busca consolidar várias áreas do sistema de saúde brasileiro, incluindo prestadores de serviço (diagnósticos, hospitais, oncologia) e operadoras, como demonstrado na aquisição da SulAmérica em 2022.
Do ponto de vista financeiro, o Goldman vê a Rede D’or com uma alavancagem saudável projetada para o fim de 2025 (dívida líquida/EBITDA, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, de 2,0 vezes) e a Fleury ainda mais conservadora (1,5 vez), o que indica que há espaço no balanço para viabilizar a operação, mesmo que seja totalmente em dinheiro.
O Bradesco BBI também avalia o acordo como estrategicamente positivo para a Rede D’Or, com destaque para o potencial de aceleração da receita da Fleury por meio da maior penetração da SulAmérica e da abertura de novas unidades, facilitada pelo credenciamento com os principais pagadores, como Bradesco e SulAmérica.
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A instituição também aponta sinergias relevantes em despesas administrativas e operacionais, uma vez que a Rede D’Or já atua com diagnósticos em seus hospitais e unidades ambulatoriais, sob a marca Richet no Rio de Janeiro.
Além disso, o movimento representa uma diversificação dos negócios com fortalecimento do segmento ambulatorial, elevando em 18 pontos percentuais a contribuição de diagnósticos para o EBITDA total da Rede D’Or, com base em estimativas de 2025. O BBI destaca ainda que a transação reforça a posição da Rede D’Or como prestadora de serviços de saúde, ao incorporar a Fleury, líder no setor de diagnósticos e com um portfólio de marcas consolidadas. Por fim, a operação fortalece o relacionamento estratégico entre Rede D’Or e Bradesco.
Para BBI, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) não deve ser um problema para o negócio, dada a exposição limitada da Rede D’or no segmento de diagnósticos ambulatoriais.
Em relação às ações da Fleury, o BBI acredita que o mercado provavelmente reagirá positivamente, dado o prêmio potencial sobre sua avaliação atual de 9,2 vezes Preço/Lucro em 2026, contra 12,9 vezes e 14,4 vezes para as empresas americanas de diagnóstico Lab Corp e Quest, respectivamente, e 15 vezes para a Rede D’or.
O BBI também destaca que, além do Bradesco, com 24,9%, a base acionária é mais estratégica, com os médicos fundadores detendo 11,3% e os três membros do Pardini, 19,7%.
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Para a DASA, o BBI avalia o possível acordo como um pouco negativo, dado o risco de menor crescimento da SulAmérica em diagnósticos.
Segundo avaliação do BTG, a possível transação entre Rede D’Or e Fleury faria sentido estratégico, uma vez que a Fleury agregaria capilaridade diagnóstica ao ecossistema da Rede D’or, fortalecendo sua proposta integrada de saúde e ampliando a capacidade de captação de pacientes. O banco destaca que a integração entre as companhias poderia gerar sinergias operacionais, especialmente em SG&A (vendas, gerais e administrativas) e receitas, embora considere improvável que tais ganhos tenham impacto relevante sobre o valor de mercado da Rede D’Or — atualmente em torno de R$ 75 bilhões, frente aos cerca de R$ 7 bilhões da Fleury.
A presença relevante do Bradesco no capital da Fleury (25%) e o histórico recente de aproximação entre o banco e a Rede D’Or são apontados como fatores que reforçam a plausibilidade do negócio. Ainda que a Fleury tenha uma estrutura de controle definida — com Bradesco e médicos fundadores detendo cerca de 36% das ações —, o BTG acredita que uma eventual oferta não deve alterar substancialmente a estrutura acionária da Rede D’or.
Na avaliação do banco, a notícia tende a impulsionar as ações da Fleury no curto prazo, especialmente diante do aumento recente do short interest. O BTG mantém a Rede D’Or como sua principal escolha no setor de saúde e reitera a recomendação de compra para Fleury, destacando seu valuation atrativo (9 vezes o lucro estimado para 2026) e perfil defensivo, com dividend yield de 9%.
O Goldman e o Bradesco BBI reiteraram recomendação de compra para ações da Rede D’or, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 41 e R$ 34.