Antigo Hotel Urbano Hurb, é investigado pelo Ministério Público. Enquanto o setor de turismo enfrentava restrições por conta da pandemia, em 2020, a Hurb teria vendido pacotes de viagem com datas flexíveis, válidos por até dois anos. Porém, agora em 2022, com a retomada das atividades do setor, a empresa estaria enfrentando dificuldades para honrar os contratos.
Desta forma, após inúmeras reclamações de clientes, a agência online de turismo Hurb terá que prestar explicações ao Ministério da Justiça e Segurança Pública por suspostamente não estar cumprindo com a entrega de pacotes de viagens vendidos durante a pandemia. A empresa foi notificada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) nesta sexta-feira (26), e tem cinco dias para enviar os esclarecimentos.
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Com isto, caso seja aberto um processo administrativo contra a empresa, ela pode ser condenada à multa de R$13 milhões, dentre outras sanções.
Entretanto, a Senacon resolveu investigar o caso, por conta do grande número de reclamações recebidas, mais de 2700 nos últimos 30 dias. Com a apuração, a Secretaria pretende esclarecer os fatos para adotar medidas que visem à proteção dos diretos dos consumidores contra eventuais abusos praticados pela Hurb.
Hurb de onde surgiu?
Em agosto de 2015, fundos de venture capital que controlavam 60% do Hotel Urbano decidiram afastar os fundadores do dia-a-dia do negócio. A maior agência de viagens online do Brasil crescia três dígitos por ano, e os fundos queriam preparar o negócio para a venda. Mas para isso, achavam que o HU tinha que ser menos startup e mais empresa de terno e gravata.
Na briga que se seguiu, os fundos exerceram o direito de nomear o CEO, afastando os irmãos João Ricardo e José Eduardo Mendes do comando da empresa que fundaram. Deu tudo errado. Sem a liderança dos fundadores (e sua rotina de trabalho insana, movida a Red Bull), muitos profissionais deixaram o HU em questão de meses. O faturamento despencou. Pesado e enrijecido, de potencial unicórnio na Bolsa o HU passou a albatroz.
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A estratégia comercial anterior, que focava na cauda longa e tinha quase 1/3 dos hotéis brasileiros na plataforma, deu lugar a um portfólio mais concentrado: quase 80% do inventário foi cortado. A palavra ‘execução’ perdeu espaço para ‘estratégia e planejamento’. Com os números em queda livre e para evitar uma arbitragem que teria Francisco Müssnich, do Barbosa Müssnich Aragão, ao lado dos fundadores, os acionistas financeiros revenderam suas ações aos irmãos, que voltaram a controlar a empresa. (Pelo acordo, os fundos ficarão com 30% de qualquer venda ou IPO da empresa que aconteça até 2024.)
Em 2014, o primeiro depois da volta dos irmãos, o HU cresceu mais de 70%. Os fundadores acham que podem crescer ainda mais nos próximos anos, principalmente com a entrada do HU em outros países.
Como o Hotel Urbano virou Hurb?
No domingo, 29 de novembro de 2015, os 650 funcionários da agência de viagens online Hotel Urbano foram surpreendidos com uma mensagem de João Ricardo e José Eduardo Mendes, os fundadores da empresa.
Eles avisavam, sem muita cerimônia, que haviam vendido o controle da companhia para o fundo de investimento americano Insight (que já era sócio do Hotel Urbano) e que dali em diante atuariam apenas no conselho de administração.
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Até então os dois, especialmente João, passavam até 18 horas por dia na sede da empresa, que fica num antigo boliche reformado dentro de um shopping de decoração, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
Desde que o Hotel Urbano foi fundado, em 2010, os dois irmãos foram vendendo fatias do negócio para diferentes fundos de investimento — além do Insight, viraram sócios os também americanos Accel Partners (um dos primeiros investidores do Facebook), Tiger Global (sócio da varejista online Netshoes) e Priceline (dono da maior empresa de turismo online do mundo, o Booking).
Naquele domingo, o destino do Hotel Urbano foi selado com a venda de uma fatia de 5% do negócio — o suficiente para o controle trocar de mãos. O preço pago pelas ações — cerca de 100 milhões de reais — fez com que o Hotel Urbano, com menos de cinco anos de história, fosse avaliado em mais de 2 bilhões de reais.
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É, talvez, a mais meteórica ascensão da história da internet brasileira. Mas aquela mensagem mostrava um paradoxo — em meio a tanto sucesso, os sócios não estavam se entendendo. João Ricardo e José Eduardo venderam o controle a contragosto. Pelo acordo de acionistas, o Insight poderia comprar o controle a qualquer momento — e os fundadores não poderiam fazer nada para se proteger.
De lá para cá o Hurb passou por muitas outras transformações e entre elas a pandemia Covid-19. Pandemia esta que derrubou o Hurb e também a CVC que era a maior concorrente naquele momento.