O Banco Central (BC) revelou indícios graves de irregularidades envolvendo o Banco Master, que está em processo de liquidação extrajudicial. Segundo documentos enviados ao Ministério Público Federal (MPF), o conglomerado teria realizado operações financeiras “sem lastro”, com desvio de recursos e gestão fraudulenta que somam R$ 11,5 bi.
Operações suspeitas e crise de liquidez
A autoridade monetária identificou uma série de práticas que violam normas bancárias, como a reciclagem de recursos por meio de fundos e sociedades interpostas, ocultando o real beneficiário econômico. O BC classificou essas ações como possíveis fraudes, com simulações de operações financeiras que comprometem a transparência e a segregação fiduciária.
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Vorcaro limitou-se a dizer que as iniciativas teriam como objetivo mitigar a situação de aguda crise de liquidez. Os recursos provenientes do Master foram reciclados por meio de uma cadeia de fundos e sociedades interpostas para simular regularidade, embora mantivessem a origem e o mesmo beneficiário econômico final.
“Tal dinâmica, além de violar princípios de transparência e segregação fiduciária, pode configurar fraude na gestão e simulações de operações financeiras, nos termos da legislação penal aplicável”, declarou o BC em documento enviado ao TCU (Tribunal de Constas da União) para justificar a liquidação extrajudicial e dar esclarecimentos sobre “indícios de falhas na supervisão”.
Além disso, o Master enfrentava uma “profunda e crônica crise de liquidez”, com ativos problemáticos e sem mercado, o que pode reduzir em até R$ 20 bilhões o patrimônio da instituição. A supervisão do BC apontou falhas graves no gerenciamento de risco de crédito, liquidez e capital.
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Em 25 de novembro, o BC acionou novamente o MPF por realizar operação “simulada ou sem lastro” e pelo emprego de artifícios destinados a criar aparência de legalidade para operações desprovidas de substância econômica.
Impacto no mercado e acionamento do MPF
O caso ganhou força após o BC indeferir o pedido de compra do Master pelo BRB (Banco de Brasília), alegando falta de viabilidade econômico-financeira. Em resposta, o controlador Daniel Vorcaro apresentou um plano de reequilíbrio, incluindo venda de ativos e cessão de carteiras, mas as medidas não foram suficientes para conter o colapso.
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) anunciou que poderá arcar com até R$ 41 bilhões na liquidação extrajudicial, o que levanta preocupações sobre o impacto fiscal e a segurança dos investidores. O BC também admitiu falhas na supervisão e prometeu liberar documentos em ambiente seguro para análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em nota técnica enviada ao TCU em 29 de dezembro, o Banco Central disse que o Master tinha uma “profunda e crônica crise de liquidez” que teve por efeito o comprometimento de sua situação econômica e financeira e de sua capacidade para satisfazer seus compromissos.
A autoridade monetária afirmou que houve um “grave e reiterado descumprimento de normas” em particular quanto à manutenção dos níveis regulamentares de recolhimentos compulsórios, ao gerenciamento dos riscos de liquidez e de crédito, e à prática de ilícitos graves no âmbito de operações de cessão de ativos a terceiros.
O Banco Central declarou à Corte de Costa que buscou a solução de “menor custo” para a sociedade, com uma “solução negociada de mercado ou de saída organizada”.
O Banco Central disse que o conglomerado comandado por Daniel Vorcaro atingiu 11 milhões de clientes em 2025 depois de “forte crescimento”, sendo 5,3 milhões do Banco Master e 5,8 milhões da Will Financeira S.A. Crédito, Financiamento e Investimento (Will Financeira).
O que está em jogo
Com mais de 11 milhões de clientes entre Banco Master e Will Financeira, o caso representa um dos maiores escândalos financeiros recentes no Brasil. A complexidade das operações e a escala do prejuízo colocam em xeque a eficácia da regulação bancária e reacendem o debate sobre a transparência no setor financeiro.
O Banco Central disse que, com as negociações com o BRB (Banco de Brasília), foram identificadas “sérias irregularidades em carteiras de crédito” ao banco cedidas pelo Master. O conglomerado teria se utilizado de artifícios contábeis com o objetivo de ocultar a real situação financeira.
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Além disso, o Banco Central disse, sem dizer quando foi feita a verificação, que identificou a existência de irregularidades relacionadas a: insuficiência de capital porque o Master prestou “informações incorretas” ao BC; inexistência de ativos líquidos na composição de fundo de liquidez que dava amparo às operações estruturadas de longo prazo; descumprimento de normas de gerenciamento de risco de crédito, por depender de informações prestadas por terceiros.











