O real ultrapassou o peso argentino, na tarde desta segunda-feira (17), por volta das 16h, passando a ser a moeda, entre os países emergentes, com pior performance em 2024.
O dólar, usado como parâmetro, acumulava, dessa forma, por volta das 16h desta segunda-feira, uma valorização de 10,54% frente à divisa brasileira em 2024.
Mais para o fim do dia, contudo, a diferença para o peso argentino diminuiu e o real fechou praticamente empatado com a divisa dos “hermanos“, ambas caindo 10,48% no ano. Até então, o ranking das maiores desvalorizações era liderado, de forma isolada, pela Argentina.
“Desde o início de fevereiro e meados de março vemos uma elevação do chamado risco Brasil. Olhando o CDS [credit default swap, que mede a chance que o mercado vê de o Brasil não arcar com suas dívidas], está no maior preço do ano. A desancoragem fiscal que levou também uma desancoragem inflacionária”, afirmam analistas.
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O real vem perdendo, portanto, força mundialmente de forma sucessiva. Os ruídos políticos aumentam o temor de que as contas públicas brasileiras se deteriorarão e, consequentemente, geram a visão de que investir no país é mais arriscado, minguando o fluxo estrangeiro. Fatores como a mudança na meta fiscal, na presidência da Petrobras e, hoje, falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são levadas em conta.
Quando há maior risco, o mercado cobra taxas maiores para emprestar para um país. Só que apesar do maior risco no Brasil as taxas brasileiras estão menos competitivas, já que nos Estados Unidos os treasuries, apesar da queda recente, continuam em patamares elevados.
Ainda nesta frente, a visão do mercado recentemente vem trazendo a perspectiva de que a inflação brasileira deve avançar, por conta de fatores como o fiscal, mas também com o impacto, por exemplo, das chuvas no Rio Grande do Sul. Hoje, o Boletim Focus trouxe uma nova revisão para cima da inflação brasileira em 2024.
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A inflação mais alta no Brasil acaba diminuindo o chamado juro real, que configura na diferença entre as taxas pagas e a variação dos preços. Por outro lado, nos Estados Unidos, dados mais fracos vêm aumentando o rendimento real, o que diminui ainda mais a atratividade dos papéis brasileiros.
Já na Argentina, hoje o FMI, por exemplo, avaliou que o país deve levar esse ano o juro real para patamares positivos – o que não é visto há algum tempo. Isso explica, em parte, a aproximação do real com a divisa do país vizinho.
Por fim, ainda pesando internamente, o recente enfraquecimento das commodities também é apontado por especialistas como um detrator do real, já que os preços mais baixos impactam a balança comercial brasileira.
O barril de petróleo Brent no começo de abril era negociado a mais de US$ 90, ficando em US$ 84,3 por agora. Já a tonelada do minério de ferro saiu por volta do dia 20 de maio atingiu uma máxima de três meses, com o contrato na Bolsa de Cingapura em US$ 122,5, mas, desde então, já acumulou forte queda e hoje fechou a US$ 104,8.