Construtoras focam em clientes de alta renda. Os lançamentos e as vendas de imóveis cresceram nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, mas os números de incorporadoras como Mitre (MTRE3), Cyrela (CYRE3) e outras devem ser lidos com cautela, de acordo com analistas.
Isto porque, um dos fatores que explicam a alta é a base de comparação mais fraca, já que o começo de 2021 foi marcado pela pandemia. Além disso, 2022 não será um ano fácil para o mercado imobiliário, com inflação e juros elevados, preços dos imóveis em alta, poder de compra abalado e incertezas típicas de ano eleitoral.
Por esta razão, as incorporadoras passaram a priorizar projetos de alto padrão, destinados a pessoas com maior poder de compra e que sentem menos as crises como alternativa para tentar melhorar os números deste ano.
Dividendos a pagar pela Braskem superiores a R$ 1 bilhão
E assim, esta leitura é feita pelos analistas de construção do Citi, André Mazini e Hugo Grassi. “A desaceleração aconteceu. Agora a prioridade está nos projetos de melhor margem”, afirmou Mazini.Segundo Grassi, o momento pede seletividade. “As incorporadoras estão tentando acomodar o portfólio de lançamentos com prioridade para os produtos voltados aos consumidores de maior renda.”
Contudo, um exemplo da revisão no plano de negócios para se adaptar à nova situação é a Mitre, que apostou na diversificação. A incorporadora criou uma linha de alto luxo, com apartamentos a mais de R$ 25 mil por m², que combinam arquitetura de grife e localização em áreas nobres. Ao mesmo tempo, criou uma linha mais econômica, na faixa de R$ 7 mil a R$ 9 mil por m² e com unidades menores.
Desta forma, outra construtora que é destaque positivo na adaptação dos negócios, segundo analistas, é a Cyrela. A incorporadora mais que dobrou os lançamentos. Ao todo foram seis empreendimentos, sendo 59% das unidades voltadas ao público de alta renda e 29% para o de média renda.
Aura Minerals busca estar entre maiores produtoras de metais preciosos
Entretanto, os analistas entendem que “as empresas têm mais estoques, estão trabalhando mais tempo nas pré-vendas e aumentaram a cautela em um cenário mais complicado.” Porém a queda na velocidade de vendas tem sido moderada, indicação de que o mercado permanece saudável e distante de uma crise, apesar do desaquecimento.
Por fim, dados compilados pelo Broadcast, com base nos relatórios divulgados por 15 incorporadoras listadas na Bolsa, mostram que os lançamentos no primeiro trimestre alcançaram R$ 6,3 bilhões, avanço de 14,8% em relação ao mesmo período de 2021.As vendas líquidas (descontados os distratos) alcançaram R$ 6,4 bilhões, aumento de 6,7% na mesma base de comparação anual. Já a velocidade média trimestral de vendas (que mede as vendas em relação ao estoque total) caiu de 22,9% para 18,1%.