O Copom optou por um comunicado mais duro (“hawk”) nesta quarta-feira ao explicitar os motivos que levaram à decisão de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Embora não tenha sido citado explicitamente uma orientação para as decisões, os economistas dizem que os fatores de pressão inflacionárias expostos e as novas projeções de inflação cumpriram essa função.
O BC colocou claramente os desafios que ele tem pela frente, uma vez que a inflação medida pelo IPCA está em 4,5%, no limite de tolerância da meta de 3%.
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“Rodar na banda de tolerância não é atingir a meta. Quando BC roda as projeções, nos traz uma dica de como está vendo o futuro da taxa de juros”, comentou, explicando que a sinalização é que a Selic que está hoje no Boletim Focus não será suficiente, ou seja, precisa fazer mais.
Ele ponderou que será preciso avaliar vários fatores que podem interferir nas decisões, como o patamar de juros do Fed, que podem impactos a taxa de câmbio, e o rumo da atividade econômica.
A diferença entre o PIB corrente e o PIB potencial, que entrou no campo positivo, elevando o risco inflacionário. “A atividade econômica e o mercado de trabalho vêm apresentando um dinamismo maior que o esperado”, comentou. Nos cálculos da XP, esse hiato está hoje em torno de 0,5%.
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O economista citou ainda o destaque dado pelo BC à assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, mais riscos para a inflação subir do que cair e as projeções de inflação. Nesse último caso, chamou atenção para a projeção de IPCA anualizado no 1º trimestre de 2026, de 3,5%, acima até das projeções do mercado.
A mensagem crucial, segundo Margato, veio no último parágrafo, com a menção de que “a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”.
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Rafaela Vitória, economista chefe do Inter, afirmou que, apesar de não haver mudança significativa no cenário de inflação, o Copom deve seguir com um curto ciclo de alta, com o objetivo de reancorar as expectativas e acelerar a convergência da inflação para a meta.
“Um aumento do ritmo de alta para 50 pbs poderia ser considerado, caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas, o que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal seguida de impacto no câmbio”, comentou.