As vendas no comércio tiveram recuo de -0,3% em setembro, comparado ao mês anterior, com resultado negativo em seis dos oito setores monitorados. Segundo especialistas, os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (13), pelo IBGE, refletem um cenário de crédito caro, com a taxa de juros em alta, e menor geração de emprego. A projeção é de que o varejo oscile perto da estabilidade nos próximos meses.
O dado atual é a quinta queda do segmento nos últimos seis meses. Na comparação trimestral, o recuo foi de 0,4% no 3T25 e de 1,5% no acumulado do ano.
“O conjunto dos dados indica que o consumo de bens teve leve queda no 3T25, em linha com crédito ainda caro e arrefecimento gradual do mercado de trabalho”, avalia Leonardo Costa, economista do ASA.
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“O resultado de setembro reforça a leitura de moderação do consumo das famílias, influenciada por renda real em queda, crédito mais restritivo e um ambiente de incerteza que reduz a propensão a compras de maior valor, como bens duráveis. A média móvel trimestral negativa (-0,1%) reforça esse quadro”.
Seis das oito atividades pesquisadas registraram queda na margem, evidenciando um quadro disseminado de fraqueza, na avaliação de Benedito.
As retrações em livros, jornais e papelaria (-1,6%), tecidos, vestuário e calçados (-1,2%), combustíveis (-0,9%) e informática e comunicação (-0,9%), além do recuo em móveis e eletrodomésticos (-0,5%) e supermercados (-0,2%).
O desempenho positivo se concentrou em artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria (+1,3%) — refletindo maior demanda por medicamentos — e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+0,5%). Os resultados são coerentes com o cenário de resiliência em itens de consumo menos cíclico.
O movimento negativo foi amplo e concentrou-se em segmentos sensíveis à renda e crédito: móveis e eletrodomésticos, livros e papelaria, equipamentos de informática, além de tecidos, vestuário e calçados, que seguem voláteis ao longo do ano.
Além disso, veículos e autopeças voltaram a cair e o segmento de material de construção permaneceu fraco, compatível com uma acomodação do setor, avalia o economista do ASA.
Regionalmente, o retrato também foi fraco: 15 das 27 UFs caíram no varejo restrito e 12 no ampliado, com destaques negativos para São Paulo e parte do Sul, reforçando que a fraqueza não é localizada, avalia Costa. Ele aponta que os estados do Norte e Nordeste mostraram resultados mais heterogêneos, mas sem alterar o diagnóstico agregado.
Análise
“Enquanto os segmentos mais dependentes de crédito — como veículos, material de construção e bens duráveis — seguem pressionados pelo patamar elevado das taxas de juros, aqueles mais diretamente ligados à renda, como supermercados e artigos farmacêuticos, têm mostrado maior resiliência”, explicam analistas.
A perda de tração recente também reflete efeitos da política monetária sobre o crédito e o consumo, aliado ao elevado endividamento das famílias.
A economia brasileira como um todo deve crescer menos em 2025 do que em 2024. “Essa desaceleração é reflexo dos juros mais altos, que tendem a desestimular os investimentos e impactar o consumo”.




















