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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vive uma crise interna desde julho do ano passado, quando o presidente da instituição, Márcio Pochmann indicado por Lula, anunciou a criação da Fundação IBHE+, uma entidade de direito privado para captar recursos para financiar pesquisas.

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A situação se agravou na semana passada, após Pochmann exigir, por meio de notificação extrajudicial, que o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística, conhecido pelo nome de AssIBGE, deixe de usar a sigla em seu nome.

Em entrevista à Rádio Eldorado, o economista Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do IBGE e do BNDES, disse que o governo já deveria ter atuado pela pacificação entre as partes. “É uma crise fabricada pela intolerância que está estacionada na presidência do IBGE”, afirmou.

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O sindicato dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Assibge, convocou os trabalhadores para um novo ato de protesto contra a fundação de direito privado IBGE+, criada pela atual gestão de Marcio Pochmann e que vem sendo chamada por servidores de “IBGE paralelo”.

Em nota, a entidade que representa os trabalhadores alerta que a crise interna, que se arrasta há meses, tem sido usada em tentativas de desgastar a credibilidade das estatísticas produzidas e já dificultam o trabalho de coleta de dados em campo.

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A presidência do IBGE tem se manifestado apenas em comunicados oficiais. Em nota de 15 de janeiro, o órgão diz que a criação da Fundação IBGE+ é “alvo de forte campanha de desinformação” e que a iniciativa foi debatida com órgãos federais e aprovada por unanimidade por todos os integrantes do Conselho Diretor.

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A nota diz ainda que a iniciativa visa “permitir a busca de recursos não orçamentários essenciais para a urgente e imprescindível modernização e fortalecimento tecnológico” do IBGE.

A manifestação contra medidas da presidência de Pochmann será realizada na próxima quarta-feira, 29, às 10h, em frente à sede do instituto, na Avenida Franklin Roosevelt, na região central do Rio de Janeiro. Em outros Estados, estão previstos também atos, assembleias e panfletagens de protesto.

Segundo o sindicato, a manifestação dará início a uma série de ações que serão conduzidas ao longo dos próximos meses, que incluirão atuação no Congresso Nacional e interlocução com ministérios e governo. A campanha, denominada “Democratização sim! Fundação não!”, teria como objetivo “enfrentar o projeto privatizante da fundação de apoio, e, ao mesmo tempo, evidenciar a luta histórica da categoria pela democratização do órgão, que se faz tão necessária frente às ações autoritárias da direção”, diz a entidade que representa os trabalhadores.

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Na última quinta-feira, 23, coordenadores dos Núcleos Estaduais do sindicato se reuniram virtualmente para discutir as “ações antissindicais realizadas pela direção do IBGE” e uma “mobilização dos trabalhadores no enfrentamento à atual crise instalada no órgão”.

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“Estiveram presentes mais de 50 coordenadores de praticamente todos os Estados do Brasil que definiram um conjunto de ações a serem realizadas pela entidade sindical nos próximos meses, cujo objetivo é enfrentar a escalada autoritária da Direção do IBGE”, diz o comunicado do Assibge-SN.

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“Foi pontuado que a estratégia da direção do IBGE consiste, até o momento, em atingir o sindicato de diversas formas, através da criminalização de greves, utilização da comunicação institucional para atacar o sindicato, ameaça de cobrança de aluguéis retroativas por espaços cedidos pelo IBGE ao sindicato e, mais recentemente, notificação solicitando a mudança de nome do sindicato.”

A entidade ressalta que a crise no IBGE tem sido aproveitada por opositores do governo federal para “desgastar a imagem do órgão e a credibilidade das estatísticas públicas”, mas afirma que os trabalhadores garantem a manutenção da qualidade e da seriedade da coleta e divulgação dos dados.

“O entendimento dos coordenadores estaduais é de que as ações antissindicais e autoritárias da atual gestão não têm potencial para afetar a produção de informações geográficas e estatísticas, uma vez que os dados do IBGE são produzidos e protegidos por um sólido corpo técnico comprometido com os objetivos da casa. No entanto, a exposição negativa do nome do IBGE nos noticiários já causam efeitos na coleta de dados, dificultando o trabalho de campo”, alertou o sindicato.

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Segundo o sindicato, a criação da fundação IBGE+ desperta riscos diversos, entre eles a perda de autonomia, precarização das condições de trabalho, desvalorização dos servidores e comprometimento da qualidade dos dados produzidos.

“Estamos nos mobilizando contra a proposta de criação da Fundação IBGE+, que representa uma ameaça à autonomia e à qualidade do nosso trabalho”, diz o Assibge-SN.

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