Em meio aos holofotes da COP30, realizada em Belém, a primeira-dama Janja Lula da Silva protagonizou um momento que escancarou a distância entre o discurso oficial e a realidade vivida pelo povo brasileiro. Ao mencionar que o estado do Amazonas teria “mais de 50 milhões de habitantes”, Janja cometeu um erro factual grave — o estado possui, segundo o IBGE, cerca de 4,3 milhões de habitantes.
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O espetáculo de desconhecimento sobre o próprio país ocorreu durante o Global Citizen Festival: Amazônia, realizado em Belém no dia 1º de novembro de 2025, a primeira-dama Janja Lula da Silva fez um discurso exaltando a importância da região amazônica para o mundo. A fala, embora possa parecer um deslize numérico, revela algo mais profundo: a desconexão de uma figura pública com os dados básicos do próprio país. Em um evento internacional que coloca a Amazônia no centro das atenções globais, espera-se precisão, responsabilidade e preparo. A Amazônia Legal, que abrange nove estados, soma cerca de 29 milhões de habitantes — ainda distante da cifra mencionada.
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Janja afirmou: “Dizem que a Amazônia é o pulmão do planeta. Eu prefiro dizer que a Amazônia é o coração do planeta. Um coração que pulsa no peito dos seus quase 50 milhões de habitantes (…). Em poucos dias, Belém será a capital do mundo”, acrescentou.
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O impacto da desinformação
Quando uma autoridade de alto escalão transmite dados errados em rede nacional e internacional, o efeito vai além da gafe. Desinformação institucional mina a credibilidade do governo, confunde a população e compromete o debate público. Em tempos de polarização e fake news, o exemplo precisa vir de cima — e vir com responsabilidade.
Luxo e contradição
A fala de Janja ocorre no mesmo contexto em que ela e o presidente Lula se hospedaram no luxuoso iate Iana 3, durante a COP30. A embarcação, com suítes, sala de jantar para 16 pessoas e estrutura digna de hotel cinco estrelas, contrasta com o discurso de simplicidade e compromisso com o povo. Enquanto milhões de brasileiros enfrentam dificuldades, o símbolo da COP foi um iate milionário — e uma fala desconectada da realidade.
O que se espera de uma primeira-dama
A primeira-dama tem papel simbólico e político. Suas palavras carregam peso e repercussão. Conhecer o país, respeitar os dados e representar o povo com verdade e preparo são requisitos mínimos. Quando isso falha, o que se vê é um espetáculo de vaidade, não de liderança.
População Real da Amazônia Brasileira
A Amazônia Legal, que inclui nove estados brasileiros (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), é a área usada oficialmente para políticas públicas voltadas à região amazônica.
- Segundo o Censo 2022, a população total da Amazônia Legal é de aproximadamente 28 milhões de habitantes.
- O estado mais populoso da região é o Pará, com cerca de 8,1 milhões de habitantes.
- O Amazonas, que abriga grande parte da floresta, tem cerca de 3,9 milhões de pessoas.
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De onde vem o número de 50 milhões?
A cifra de 50 milhões de habitantes pode surgir de interpretações equivocadas ou de tentativas de incluir populações de países vizinhos que também compartilham a floresta amazônica, como:
- Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
- Mesmo somando populações de áreas amazônicas desses países, não se chega a 50 milhões de habitantes diretamente ligados à floresta.
Urbanização na Amazônia
- A Amazônia não é apenas floresta: há grandes centros urbanos, como Manaus, Belém, Porto Velho e Rio Branco, que concentram boa parte da população regional.
- A urbanização tem avançado, mas ainda há grande dispersão populacional e baixa densidade demográfica em muitas áreas.
Por que isso importa?
- Superestimar a população da Amazônia pode inflar discursos políticos ou econômicos sem base real.
- Entender a verdadeira dimensão populacional é essencial para planejamento ambiental, infraestrutura e políticas públicas.


















