Novos documentos internos do governo venezuelano e o depoimento do ex-chefe de inteligência do país, Hugo Carvajal, extraditado para os Estados Unidos, revelaram uma trama de financiamento internacional que envolveu Venezuela, Irã, China e Argentina durante o governo Kirchner, apoiado por Lula do Brasil. De acordo com memorandos e declarações judiciais, o regime chavista canalizou milhões de dólares para financiar projetos conjuntos em território argentino.
Carvajal – que desempenhou um papel fundamental na estrutura de inteligência do governo venezuelano – garantiu ao tribunal que o chavismo financiou “uma dúzia de países latino-americanos” com fundos de acordos internacionais. Entre os países beneficiários, ele mencionou Argentina, Brasil, Bolívia e Colômbia. Essas contribuições vieram em um momento em que Cristina Fernández de Kirchner, Lula da Silva, Evo Morales e Gustavo Petro lideravam seus respectivos governos.
A informação foi divulgada pelos jornalistas Nicolás Wiñazki e Santiago Fioriti no programa Wifi. Lá, eles detalharam que os documentos são datados de junho de 2010 e fazem parte de um arquivo de inteligência que detalha como os recursos de acordos com a China e o Irã foram usados para financiar “fábricas socialistas” e projetos estratégicos.
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Em um dos memorandos confidenciais, o então ministro do Poder Popular para a Ciência, Tecnologia e Indústrias Intermediárias, Ricardo Menéndez, pediu ao presidente Hugo Chávez a aprovação de mais 14 milhões de dólares e mais de 1.013 milhões de bolívares para promover a criação de 200 fábricas na Venezuela, muitas delas em parceria com a Argentina e o Irã.
O plano foi coordenado pelo então ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, juntamente com seu homólogo argentino, Jorge Taiana, hoje candidato à Fuerza Patria. Nos documentos há uma nota manuscrita de Chávez ordenando a liberação de fundos “para concluir satisfatoriamente” os projetos binacionais.
O dinheiro veio do Fundo Sino-Venezuelano, um importante instrumento de financiamento criado entre Caracas e Pequim, ou seja, governo Comunista chinês para apoiar megaprojetos estratégicos. O Irã também desempenhou um papel central como parceiro tecnológico e industrial.
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Este novo capítulo se soma a outras revelações anteriores sobre a rede de financiamento internacional criada pelo chavismo na região. O vazamento desses documentos internos abre uma frente política e judicial sensível na Argentina, expondo os vínculos entre o kirchnerismo e as estruturas financeiras estrangeiras em um contexto de forte aliança com a Venezuela e China.