Os brasileiros ficaram mais endividados em março, a inadimplência permaneceu estável no período, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com contas a vencer cresceu de 76,4% em fevereiro para 77,1% em março, a segunda alta consecutiva, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
MAIS: Cesta básica do brasileiro tem alta na maioria das capitais segundo.
Em relação a março de 2024, quando 78,1% das famílias estavam endividadas, houve uma queda de 1 ponto porcentual. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
LEIA: Multidão de brasileiros em manifestação pacifica na avenida Paulista pela anistia urgente…
Segundo a CNC, o estudo sugere um “esforço das famílias para manter o controle financeiro mesmo diante das pressões do orçamento”.
“O crédito tem papel fundamental no orçamento das famílias e no fomento ao consumo, mas precisa ser utilizado com planejamento, principalmente em um cenário de juros elevados. O avanço do endividamento com estabilidade da inadimplência sinaliza maior consciência no uso do crédito”, avaliou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, em nota oficial.
A fatia de consumidores com contas em atraso permaneceu em 28,6% em março, mesma proporção vista em fevereiro. Um ano antes, em março de 2024, a proporção de famílias inadimplentes também era de 28,6%.
A proporção de consumidores que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas vencidas, ou seja, que permaneceriam inadimplentes, caiu de 12,3% em fevereiro para 12,2% em março. Essa parcela era de 12,0% em março de 2024.
MAIS: Sulamerica Saude processa namorado de Sandy por supostafraude
Segundo o levantamento, o tempo de inadimplência está diminuindo: 47,6% dos inadimplentes tinham dívidas em atraso há mais de 90 dias, o menor nível desde maio de 2024.
O percentual de famílias com dívidas superiores a um ano caiu para 34,4% em março, menor nível desde agosto de 2024, enquanto cresceu o número de dívidas com vencimento entre três meses e um ano, “indicando preferência por prazos mais curtos”.
O comprometimento da renda com dívidas se manteve em 29,9% em março, sendo que 20,8% das famílias afirmam comprometer mais da metade da renda com o pagamento dessas obrigações.
AINDA: Desembargador e advogado de defesa é detido e proibido de entrar…
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui
O cartão de crédito mantém a liderança como a modalidade mais utilizada, mencionada por 83,7% dos endividados, mas perdeu espaço em relação à fatia de 86,9% registrada em março do ano passado. Na direção oposta, os carnês cresceram, com uma fatia de 17,3% de menções em março de 2025, ante 16,0% em março de 2024.
“A alta dos carnês e do crédito pessoal mostra que o consumidor está buscando formas alternativas, porém mais caras, de conseguir empréstimos para manter o consumo ou quitar dívidas”, apontou Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, em nota.
MAIS: Warren Buffett é um dos raros bilionários que ficou
Baixa renda mais endividada e menos inadimplente
Na passagem de fevereiro para março, as famílias de renda mais baixa ficaram mais endividadas, mas menos inadimplentes.
No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados subiu de 79,7% em fevereiro para 80,7% em março. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados permaneceu em 78,5%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve elevação de 73,6% para 74,1%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia cresceu de 65,5% para 66,6%.
LEIA: Vice-presidente do STF recebe Suprema Corte da China Comunista no domingo…
Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso desceu de 36,7% em fevereiro para 36,5% em fevereiro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes saiu de 27,9% em fevereiro para 27,7% em fevereiro. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve redução de 21,4% para 20,4%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes saiu de 14,9% para 15,1%.
“A expectativa é de aumento de 2,5 pontos porcentuais no endividamento até o fim de 2025, em relação ao início do ano, impulsionado por maior confiança no consumo e pela necessidade de reorganização financeira. A inadimplência, por sua vez, deve recuar marginalmente, com previsão de queda de 0,7 ponto porcentual nos 12 meses”, previu a CNC.