Para os argentinos, o dólar é uma peça-chave das perspectivas econômicas, tão ou mais importante que o peso. Com altos níveis de inflação, a moeda dos EUA tornou-se um refúgio essencial para reservas e transações. Mas, embora o dólar seja um só, na Argentina existem diferentes taxas definidas por suas próprias cotações e condições de acesso.
Esta cesta de dólares inclui a oficial; para o azul ou paralelo; para poupança; o deputado ao Parlamento Europeu; ao CCL (dinheiro com liquidação); solidariedade; Atacadistas; para o mercado de ações; para o cartão; Turistas; cripto; Netflix; Coldplay; soja; para a mistura… Sim, são muitos, mas há seis que são mais relevantes e são explicados abaixo.
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Os seis dólares chave para a economia
Dólar oficial ($ 994): é a taxa de câmbio definida pelo Banco Central da República Argentina (BCRA) e usada em operações governamentais e oficiais. Por exemplo, essa taxa de câmbio é usada para liquidar compras feitas nos Free Shops das salas de embarque de voos internacionais com partida da Argentina. No entanto, a aquisição de dólares pelo valor oficial (dólar poupança) é extremamente restrita: hoje existem 14 barreiras para acessar a cota mensal de US$ 200.
Cartão ou dólar turístico: é uma variante do dólar oficial e é usado principalmente para pagar despesas no exterior com cartões de crédito. É a taxa de câmbio aplicada para liquidar assinaturas de serviços como Netflix ou Spotify. Inclui um imposto PAÍS de 30% sobre o valor do dólar oficial do dia anterior, e uma cobrança adicional de 35% por conta do Imposto de Renda e Imposto sobre Bens Pessoais. Por exemplo, se o dólar oficial estiver sendo negociado a US$ 976, o cartão será negociado a US$ 1.562.
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Dólar azul ($ 1.280): também conhecido como paralelo, é a taxa de câmbio que é tratada no mercado informal. Seu valor é determinado pela oferta e demanda, e sua existência se deve à imposição de grampos que impedem o acesso à moeda no circuito formal. A diferença entre o azul e o oficial oscila dia a dia: atualmente, é de 28,7%.
O dólar MEP (Mercado de Pagamento Eletrônico) [$ 1.231]: é obtido através da compra e venda de títulos ou ações cotadas em pesos e dólares. Seu valor é estabelecido a partir da diferença de preços desses ativos em ambas as moedas e oferece uma alternativa legal ao mercado oficial.
Dólar CCL [$ 1.250]: é semelhante ao dólar MEP: o CCL é obtido através da compra de ativos em pesos no mercado local e sua posterior venda em dólares no mercado externo. Esse tipo de dólar é usado por investidores que buscam transferir fundos para fora do país e seu valor costuma ser maior que o do MEP.
Mistura do dólar: é uma taxa de câmbio promovida pelo Governo de Javier Milei para favorecer a liquidação das exportações agrícolas. Ele permite que os produtores liquidem seus produtos a um preço que é composto pela combinação de duas taxas de câmbio: o dólar oficial e o dinheiro com liquidação (CCL) ou “contado con liqui”.
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Por que existem tantos tipos de dólares?
A existência de vários tipos de dólares na Argentina se deve às políticas de controle cambial implementadas pelo Banco Central. Essas medidas buscam regular a compra e venda de moeda estrangeira para proteger as reservas internacionais e estabilizar a moeda local. Com isso, o acesso ao dólar oficial é restrito, dando origem a diversas cotações no mercado.
O grampo de câmbio existe na Argentina desde 2011, com um breve relaxamento durante o governo de Mauricio Macri. Cada tipo de dólar cumpre uma função específica em relação a essa barreira de acordo com a operação a ser realizada e entender essas diferenças é crucial para navegar no complexo cenário econômico argentino.