O ex-diretor do Banco Central e ex-economista-chefe de grandes bancos como ABN Amro e Santander, Alexandre Schwartsman, concedeu uma entrevista ao CNN Entrevistas, onde compartilhou suas opiniões sobre a política monetária atual e a autonomia do Banco Central (BC).
Apenas para se contextualizar, em 2003 no governo Lula, Alexandre foi nomeado diretor de assuntos internacionais do Banco Central do Brasil. Ficou no cargo até o ano de 2006. Depois disso, atuou como economista-chefe no ABN Amro Bank e no Grupo Santander Brasil, até meados de 2011.
MAIS: Deputado do PT na Câmara afirma que Campos Neto é “bandido e tem que baixar juros”
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui
LEIA: Cimed entra no seguimento de beleza com aquisição de empresa de Silvio Santos
Controle do Banco Central pelo Governo
Schwartsman destaca que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva almeja exercer controle sobre o BC, apesar da independência formal da instituição. Ele observa uma tentativa contínua de influenciar a direção da política monetária, um comportamento que, segundo ele, é comum entre muitos políticos. “Com o passar dos anos, vemos uma tentativa constante de direcionar a política monetária”, disse.
Em outra entrevista concedida à TV Cultura o economista faz duras críticas a Lula que com quase “80 anos ainda continua dizendo que não sabe de nada e culpa as outras pessoas pelos problemas que ele cria”. O economista critica Lula dizer que o presidente do Banco Central é responsável pelos juros e inflação, fato totalmente oposto e absurdo.
Taxa Selic e Problemas Fiscais do governo Lula
Sobre a taxa Selic, atualmente em 10,5% ao ano, Schwartsman a considera “muito alta” e acredita que os juros só começarão a cair quando o governo conseguir resolver problemas fiscais profundos.
“Sem cuidar das contas públicas, acho difícil”, respondeu ao ser questionado sobre a volta da taxa Selic a um dígito. Ele também criticou a insustentabilidade do arcabouço fiscal, afirmando que o mecanismo ‘acabou antes de começar’.
Sucessão na Presidência do Banco Central é preocupação do mercado
Em relação ao processo de sucessão na presidência do BC, cujo mandato de Roberto Campos Neto termina em 31 de dezembro de 2024, Schwartsman sugere que o atual governo deve nomear o novo presidente o quanto antes. “Acho melhor que se nomeie antes do que depois. Mas não sei se o governo terá coragem. Se colocarem alguém leniente com a inflação, as expectativas vão aumentar e haverá seis meses de protestos”, comentou, indicando que a nomeação pode ser feita apenas no final do prazo para evitar tumultos.
AINDA: Fitch alerta que Brasil não seguiu ‘cenário-base’ previsto em melhora do rating
Elogios e Críticas ao Trabalho de Campos Neto
Na entrevista, Schwartsman elogiou o trabalho de Campos Neto, mas reiterou a necessidade de controlar o crescimento dos gastos reais do governo para estabilizar a economia. “Parece que isso depende da capacidade de limitar o crescimento dos gastos reais do governo”, disse, ressaltando a dificuldade de gerir o BC em tempos de autonomia. “A instituição é independente. E, exatamente por isso, o lado que nomeia tem dificuldade em aceitar isso”.
Ele concluiu que o mundo político ainda não entendeu como lidar com a autonomia do BC, especialmente durante períodos em que a instituição precisa atuar de forma independente para controlar a inflação e manter a estabilidade econômica.