O Ministério das Relações Exteriores do Peru comunicou nesta terça-feira (15 de abril de 2025) que Nadine Heredia, esposa do ex-presidente peruano Ollanta Humala, entrou na embaixada do Brasil em Lima para solicitar asilo diplomático. O pedido ocorreu poucas horas após a condenação de ambos a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um caso envolvendo financiamento ilícito de suas campanhas políticas por empresas brasileiras, especialmente a construtora Odebrecht (atual Novonor).
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Condenação e contexto do caso
Ollanta Humala, que governou o Peru entre 2011 e 2016, e Nadine Heredia foram sentenciados pela Justiça peruana por lavagem de dinheiro proveniente de doações ilegais feitas por empresas brasileiras, como Odebrecht (atual Novonor) e OAS, para suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011. A promotoria havia pedido penas maiores — 20 anos para Humala e 26 para Heredia — mas ambos receberam 15 anos de prisão.
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A sentença foi proferida pela magistrada Nayko Coronado Salazar, que destacou a quase unanimidade da decisão e emitiu mandados de prisão para cumprimento imediato. Humala já se encontra preso em Lima, em uma prisão especial para ex-presidentes, onde cumprem pena também Alejandro Toledo e Pedro Castillo. Nadine Heredia, por sua vez, não compareceu à audiência final e buscou refúgio na embaixada brasileira.
Além da lavagem de dinheiro, o tribunal apontou que parte dos recursos ilícitos teria origem em contribuições do governo venezuelano de Hugo Chávez, o que Heredia negou, assim como a acusação de receber dinheiro do ex-presidente Lula ou de qualquer empresa brasileira.
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Pedido de asilo e reação diplomática
O pedido de asilo diplomático de Nadine Heredia foi formalizado com base na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual Brasil e Peru são signatários. O governo peruano confirmou que concedeu salvo-conduto e garantias para a saída segura de Heredia e de seu filho do país, mantendo comunicação constante com o Brasil para assegurar a integridade física da ex-primeira-dama durante o processo.
O Itamaraty confirmou que Nadine está na embaixada brasileira em Lima, mas não divulgou detalhes sobre a aceitação formal do asilo nem sobre os fundamentos alegados, que podem envolver riscos políticos ou violações de direitos humanos. Ainda não há informações oficiais sobre a data da transferência para o Brasil ou o local onde ela ficará.
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Impacto político e contexto mais amplo
A condenação de Humala e Heredia é mais um capítulo do escândalo de corrupção que abala o Peru, especialmente relacionado à operação Lava Jato e à Odebrecht (Novonor), que financiou campanhas de quase todos os candidatos presidenciais do país nas últimas três décadas. Humala é o terceiro ex-presidente peruano condenado por corrupção em menos de 20 anos, ao lado de Alejandro Toledo e Alberto Fujimori, enquanto Alan García cometeu suicídio em 2019 pouco antes de ser preso.
O caso destaca a extensão da corrupção política no Peru e abre precedentes para investigações contra outros líderes, como Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. A sentença de Humala e Heredia determina também o pagamento de multa de cerca de 10 milhões de soles (aproximadamente R$ 15,7 milhões).
Resumo dos fatos principais
- Nadine Heredia entrou na embaixada brasileira em Lima para pedir asilo diplomático horas depois da condenação a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
- Ollanta Humala e Heredia foram condenados por receberem recursos ilícitos da Odebrecht e OAS para suas campanhas de 2006 e 2011.
- O governo peruano concedeu salvo-conduto para a saída segura de Heredia e seu filho, mantendo diálogo com o Brasil.
- Humala já está preso em Lima; Heredia aguarda decisão sobre o asilo.
- O caso integra um amplo escândalo de corrupção que envolve vários ex-presidentes peruanos.
- A sentença inclui multa milionária e pode influenciar investigações futuras no país.
Este episódio reforça a complexidade das relações diplomáticas e jurídicas entre Brasil e Peru, além de evidenciar o impacto regional da operação Lava Jato e o combate à corrupção na América Latina.
A relação de Lula e os condenados por corrupção do Peru
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido um amigo muito próximo de Ollanta Humala e Nadine Heredia. Desde antes de assumir a presidência (2011-2016), o Partido Nacionalista tinha uma ligação estreita com o Partido dos Trabalhadores do político brasileiro agora acusado de receber 4 milhões de dólares da empresa Odebrecht, atual Novonor.
Suspeitas. Mas qual é a relação entre Lula e o nacionalismo? Segundo Jorge Barata, representante da construtora no Peru, para a campanha presidencial de 2011 o ex-presidente do Brasil ordenou o envio de 3 milhões de dólares para Humala. Naquela época, a administradora do partido era Nadine Heredia.
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Nas agendas, é registrado um código chamado “OH” e o valor que ele receberia. Essas iniciais corresponderiam às do ex-presidente da República, trata-se de uma questão de investigação judicial para a qual o ex-casal presidencial compareceu perante as autoridades.
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Relações. Além disso, ambos viajaram em diferentes ocasiões ao Brasil para participar de congressos organizados pelo Partido dos Trabalhadores. A ligação com Lula e Dilma Rousseff tem sido estreita.
“Não declarar de onde eles vêm é uma omissão que se qualifica como uma declaração falsa e a inserção de dados falsos é um crime. Isso tem uma pena máxima de quatro anos de prisão, mas no caso de Heredia ter cometido esse crime, o prazo de prescrição já expirou”, disse o advogado especialista nessas questões.
As investigações continuaram enquanto Marcelo Odebrecht, ex-representante máximo da construtora, confessou em abril de 2017 ter pago pelo menos 4 milhões de dólares a Lula em propinas.
A ex-primeira-dama Nadine Heredia foi investigada pelo suposto crime de lavagem de dinheiro como resultado das contribuições que seu partido recebeu para as campanhas de 2006 e 2011 durante os mandatos do PT no Brasil. Ollanta Humala, Martín Belaunde Lossio, Rocío Calderón, Antonia Alarcón, entre outros, estão incluídos nessas investigações. Em 2017, o jornal brasileiro Folha de São Paulo disse que Lula ordenou a entrega de US $ 3 milhões para a campanha de Ollanta Humala em 2011, o que coincide com a versão de Barata.
