O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou em evento realizado nesta sexta-feira (27/09) em São Paulo a estreita relação entre a política fiscal e a manutenção de juros baixos no Brasil. Segundo ele, a incerteza fiscal do país aumentou, refletindo preocupações do mercado quanto à transparência na contabilidade do governo federal.
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Campos Neto ressaltou que momentos de queda dos juros no Brasil sempre estiveram associados a melhorias no quadro fiscal. “Sempre que o Brasil conseguiu manter juros baixos, houve choques fiscais positivos”, afirmou ele, citando exemplos como a aprovação do teto de gastos e da reforma da Previdência. Esses fatores, segundo ele, contribuíram para a queda da taxa Selic, a principal referência dos juros no país.
No entanto, o presidente do BC expressou preocupação com a crescente desconfiança do mercado sobre a transparência fiscal do governo. “Há uma percepção de incerteza não só sobre os números, mas também sobre a clareza com que esses números são apresentados”, frisou. Ele mencionou que o mercado tem demonstrado desconforto com a classificação de alguns gastos do governo, embora tenha ressaltado que a tarefa de discutir programas específicos não cabe ao Banco Central.
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Campos Neto também comentou sobre projeções que apontam uma trajetória de dívida crescente no Brasil. De acordo com ele, muitos cenários indicam que a dívida pública continuará subindo, com uma diferença significativa entre as metas do governo e as expectativas do mercado. “É difícil ver uma queda na dívida em um cenário como o atual, em que o mercado prevê resultados primários (saldo de receitas e despesas do governo, excluídos os juros) diferentes dos números apresentados pelo governo.”
As falas do presidente do BC ocorrem em um momento de tensão entre a equipe econômica do governo e o mercado financeiro, com destaque para as recentes críticas sobre a condução da política fiscal e o cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço fiscal.
Por fim, Campos Neto destacou a importância de uma harmonia entre as políticas monetária e fiscal. “Não existe harmonia monetária sem harmonia fiscal”, concluiu, reforçando que a transparência é um pilar essencial para garantir a confiança do mercado e a sustentabilidade das políticas econômicas no longo prazo.