Fornecimento de gás passa a ser preocupação global. Isto porque, o preço da commodity subiu, na Europa, 700% desde o início do ano passado. Para entender o tamanho da ferida na economia, basta olhar para a matriz energética europeia: quase um quarto da energia consumida na região vem do gás. Só o petróleo supera, com participação de 35%.
E ainda, o problema é que a inflação na Europa chegou a 8,6% no acumulado de 12 meses, a maior alta de preços da história da zona do euro, criada há 20 anos. Para frear essa disparada, vários países anunciaram a reativação de usinas de carvão, como Alemanha, Áustria, Itália, França e Holanda. É um revés na transição energética para fontes mais limpas.
Compass negocia maior fatia da Gaspetro com Petrobras
E neste contexto, aparece a relação da Europa com a Rússia, principal fornecedora de gás dos europeus. A tensão diplomática surgida com o conflito na Ucrânia esticou um cabo de guerra que já estava tensionado.
Entretanto, no úlimo ano a Rússia já havia reduzido o fornecimento de gás à Europa, alegando a necessidade de formação de um estoque próprio. O Ocidente entendeu o ato como uma pressão russa para acelerar o início da operação do gasoduto Nord Stream 2, construído para levar mais gás da Rússia para a Alemanha. A aprovação do canal emperrou por conta de questões regulatórias na Europa e ele nunca entrou em produção
Agora, em meio às sanções da Europa à Rússia, os russos cortaram o fornecimento feito pelos principais gasodutos em 60% para a Alemanha e em 50% para a Itália. Alemães e italianos são os que mais dependem de gás para suprir suas necessidades no continente.
Por esta razão, os europeus estão recorrendo ao gás de outros países, como Catar, Israel e EUA. Nesse caso, a commodity não é enviada via gasoduto, o que eleva o custo.
Contudo, segundo Claudia Rodrigues, head de internacional da equipe econômica do C6 Bank , em relatório a clientes, ”a escassez do gás é um fator de risco para a economia da zona do euro. A situação eleva os preços em um continente que usa com intensidade a commodity.”
Produção de gás no Brasil
Entretanto, neste cenário a produção de gás natural no Brasil em 2021 atingiu novo recorde, com uma média de 134 milhões de metros cúbicos produzidos por dia (MMm³/d), segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) em fevereiro deste ano.
O valor representa um crescimento de 5% em relação a 2020, quando a produção foi de 127 MMm³/d. Por outro lado, a produção média de petróleo caiu 1,18% em relação a de 2020, com 2.905 milhões de barris por dia (MMbbl/d) ante 2.940.