O XIII Fórum Jurídico de Lisboa, popularmente chamado de ‘Gilmarpalooza’, reuniu ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dirigentes de estatais, políticos do centrão, empresários processados pela Corte e representantes do governo federal na Universidade de Lisboa. O evento, realizado de 2 a 4 de julho, destacou-se pelo alto custo para os cofres públicos e pela presença de figuras com interesses diretos em decisões do STF.
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Despesas públicas acima de R$ 1 milhão
- O evento consumiu pelo menos R$ 914 mil apenas em diárias e passagens para parlamentares, segundo levantamento inicial.
- A projeção é de que o custo total supere R$ 1 milhão.
- Na Câmara dos Deputados, 30 parlamentares utilizaram recursos públicos para viagens e hospedagens, totalizando R$ 727 mil.
- No Senado, seis senadores receberam diárias que somaram R$ 110 mil, além de passagens no valor de R$ 77,5 mil.
- Muitos optaram por classe executiva, com bilhetes acima de R$ 30 mil, incluindo despesas de assessores.
- Parte dos parlamentares pediu mais de quatro diárias, apesar do evento durar apenas três dias.
- Até o momento, não foi apresentado nenhum documento institucional que justifique a necessidade desse investimento.
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Organização e perfil dos participantes
- O evento foi organizado pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), fundado pelo ministro Gilmar Mendes.
- Estiveram presentes outros ministros do STF, como Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e André Mendonça.
- As palestras abordaram temas de interesse do STF, como regulação digital e democracia combativa.
- O fórum priorizou autoridades próximas ao governo e executivos de empresas com negócios sensíveis a decisões judiciais, incluindo representantes de BTG Pactual, JBS, BRF, Vale, Cosan, Meta, Light, Bradesco Seguros e Eletrobras.
- Diego Barreto, CEO do iFood, também participou do evento.
Perfil político: predominância do centrão
- Dos 36 parlamentares que viajaram com recursos públicos, 28 pertencem a partidos do centrão.
- O PP liderou com nove nomes; Republicanos e PSD tiveram cinco representantes cada; União Brasil enviou quatro; MDB, três.
- Quatro deputados eram de partidos de esquerda (PT, PCdoB, PSB e PV). Apenas um senador, Eduardo Gomes (PL), representou a direita.
Principais gastos individuais
- Senador Irajá (PSD-TO): R$ 51 mil (R$ 37 mil em passagens; R$ 14 mil em diárias).
- Deputado Luciano Vieira (Republicanos-RJ): R$ 44 mil.
- Deputada Elcione Barbalho (MDB-PA): cerca de R$ 42 mil.
Falta de transparência
- Quase todos os participantes viajaram sem apresentar relatórios que comprovem a relevância institucional da viagem.
- Vários encontros reservados ocorreram em Lisboa, incluindo um jantar promovido pelo BTG, sem registro em agendas oficiais.
O evento, marcado por gastos elevados e pouca transparência, evidenciou a proximidade entre autoridades do Judiciário, políticos do centrão e empresários envolvidos em processos no STF, levantando questionamentos sobre o uso de recursos públicos e a finalidade institucional do ‘Gilmarpalooza’.
