O futebol brasileiro vive um paradoxo em 2025: enquanto os clubes registram receitas recordes, o endividamento atinge níveis históricos e ameaça a sustentabilidade financeira do setor. Segundo levantamento da Sports Value, as dívidas dos 20 clubes com maiores receitas ultrapassaram R$ 12 bilhões em 2024, um aumento de 22% em relação ao ano anterior, mesmo diante de faturamentos crescentes.
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Dívidas Superam Receitas Recordes no Futebol Brasileiro em 2025
Ranking dos Clubes Mais Endividados
Clube | Dívida (R$) |
---|---|
Corinthians | 1,9 bilhão |
Atlético-MG | 1,4 bilhão |
Cruzeiro | 981 milhões |
Vasco | 928 milhões |
São Paulo | 856 milhões |
Internacional | 834 milhões |
Palmeiras | 825 milhões |
Bahia | 821 milhões |
Santos | 645 milhões |
Fluminense | 632 milhões |
O Corinthians lidera o ranking, com quase R$ 2 bilhões em dívidas, seguido por Atlético-MG e Cruzeiro.
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Principais Motivos do Endividamento
- Gestão Financeira Deficiente: Muitos clubes acumulam dívidas por má administração, gastos acima da arrecadação e falta de planejamento de longo prazo.
- Investimentos em Estádios: Empréstimos para construção de arenas, como a Neo Química Arena (Corinthians) e Arena MRV (Atlético-MG), aumentaram consideravelmente o passivo dos clubes.
- Folha Salarial Elevada: Contratações caras e salários altos pressionam o caixa, especialmente quando não há retorno esportivo imediato.
- Juros e Tributos: Dívidas fiscais e bancárias acumulam juros, tornando o passivo cada vez mais difícil de controlar.
- Receitas Futuras Comprometidas: Para fechar as contas, clubes vendem direitos comerciais e receitas futuras, o que pode comprometer o equilíbrio financeiro nos próximos anos.
Impactos e Perspectivas
Apesar do crescimento das receitas, impulsionado por bilheterias, direitos de TV e patrocínios, o aumento das despesas e o acúmulo de dívidas colocam em risco a saúde financeira dos clubes. Muitos recorrem à venda de ativos, renegociação de dívidas e até à transformação em SAF (Sociedade Anônima do Futebol) para tentar reverter a situação, mas a solução depende de mudanças estruturais na gestão e maior rigor no controle de gastos.
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Consequências Legais para Clubes de Futebol que Não Pagam suas Dívidas
Os clubes de futebol brasileiros que não conseguem quitar suas dívidas estão sujeitos a uma série de consequências legais e esportivas, que podem ser aplicadas em diferentes esferas – nacional e internacional.
Sanções Esportivas e Administrativas
- Proibição de Registrar Novos Atletas: Uma das punições mais comuns, tanto pela FIFA quanto pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas da CBF (CNRD), é a proibição de registrar novos jogadores por um período determinado, que pode variar de seis meses a dois anos. Em caso de reincidência, a sanção pode ser agravada.
- Perda de Pontos: O regulamento do Campeonato Brasileiro prevê a perda de três pontos por partida para clubes que atrasarem salários por mais de 30 dias, após notificação e decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Essa penalidade é sucessiva e cumulativa enquanto perdurar a inadimplência.
- Bloqueio e Repasse de Receitas: A CNRD pode determinar o bloqueio ou repasse de receitas e premiações que o clube teria direito a receber da CBF ou federações.
- Desfiliação ou Desvinculação: Em casos extremos, pode ser aplicada a desfiliação do clube das entidades esportivas, o que impede sua participação em competições oficiais.
- Suspensão de Certificados: Clubes podem perder o Certificado de Clube Formador, prejudicando a formação e negociação de atletas.
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Sanções Internacionais (FIFA)
- Proibição de Transferências: A FIFA pode proibir clubes inadimplentes de registrar jogadores em transferências nacionais e internacionais.
- Perda de Pontos e Rebaixamento: Em casos graves e de reincidência, a FIFA pode determinar a perda de pontos ou até o rebaixamento do clube na liga nacional.
Consequências Judiciais e Fiscais
- Regime Centralizado de Execuções (RCE): Clubes podem recorrer ao RCE, que permite a suspensão de execuções e a apresentação de um plano de pagamento aos credores. O prazo pode chegar a seis anos, prorrogável, mas não abrange dívidas tributárias.
- Recuperação Judicial: Em situações extremas, clubes podem recorrer à recuperação judicial para tentar reestruturar suas dívidas e evitar a falência.
- Cobrança Judicial de Tributos: Dívidas fiscais não são abrangidas pelo RCE, e a Receita Federal pode executar judicialmente a cobrança de tributos atrasados.
- Embora o rebaixamento automático por dívidas fiscais não seja permitido atualmente, as sanções esportivas e administrativas podem comprometer seriamente a competitividade e a sobrevivência dos clubes inadimplentes. O rigor das punições tende a aumentar em caso de reincidência ou descumprimento reiterado das obrigações.