Polêmica Contratação de Goleiro no Boa Esporte
O goleiro Bruno Fernandes, solto após seis anos de prisão, mesmo estando condenado a mais de vinte anos de prisão. Retornará ao futebol profissional. O jogador acertou contrato de dois anos com o Boa Esporte, time mineiro que conseguiu acesso na Série C em 2016 e disputará a segunda divisão do Brasileirão. Clube da cidade de Varginha, o Boa ainda não fez anúncio oficial, mas o empresário do atleta confirma o acordo. Bruno será apresentado oficialmente na próxima terça-feira (12). Ele já posou para fotos com a camisa da nova equipe. Bruno não quer falar com a imprensa, mas resume o momento como “superação”.
Enquanto mulheres e homens se mobilizam revoltados com a liberdade do goleiro. Condenado pelo Tribunal do Júri a exatos vinte e dois anos e três meses de prisão por sequestro, cárcere privado, agressão, assassinato, vilipêndio e ocultação de cadáver da amante Eliza Samudio. Antes de fechar com o Boa o goleiro já tinha dois clubes de futebol que gostariam de contratá-lo. O Bangu e o Friburguense Atlético Clube, ambos do Rio de Janeiro.
Os interessados no condenado
Na época foi o Bangu e Friburguense falarem, e seus torcedores quase depredaram as sedes dos times de tanta indignação. Banguenses organizaram imediatamente um abaixo-assinado virtual que chamou de “esdrúxula” a ideia de contratar Bruno. “Isso é factoide, não há a mínima hipótese de tê-lo no elenco”, declarou Luiz Henrique Lessa, diretor executivo do Bangu e sócio da Vivyd Capital, empresa do mercado financeiro que trata da gestão do clube.
O Friburguense também desmentiu a boataria, e na sequência outro abaixo-assinado virtual começou a ganhar de goleada contra o retorno do goleiro aos gramados.
Na época do assassinato de Eliza, Bruno, ganhava salário mensal de aproximadamente duzentos e cinquenta mil reais. Por conta da pensão Eliza foi sequestrada, torturada e assassinada.
O Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão assinada pelo ministro Marco Aurélio Mello no fim de fevereiro, concedeu habeas corpus a Bruno para que ele responda ao seu processo em liberdade. Ele estava em prisão preventiva desde 2010, e a continuação da cautelar foi considerada “injustificável” pelo juiz. Bruno, ao deixar a cadeia, tinha contrato firmado com o Montes Claros Futebol Clube, também mineiro. Um dos empresários do jogador, Lúcio Mauro, disse que conseguirá derrubar na Justiça o acordo assinado em 2014 porque o jogador nunca recebeu nada do time. “Esse contrato, na verdade, foi feito lá atrás para ver se liberava o Bruno a trabalhar, e o juiz negou”.
O atleta não atua profissionalmente desde 5 de junho de 2010, em jogo do Flamengo contra o Goiás, no Maracanã. Visitante, o time esmeraldino venceu de virada por 2 a 1. Contou inclusive com falha de Bruno. Nas redes sociais, a repercussão da contratação de Bruno pelo Boa Esporte foi negativa. “Quem contrata o goleiro Bruno nem é gente”, criticou um internauta. Resta saber se o time terá bilheteria nos jogos que o goleiro atuar, ou se será boicotado em protesto. Já existe uma petição online contra a contratação de Bruno, e até o momento conta com quase 1000 assinaturas. Vários movimentos femininos também estão se mobilizando contra a ida do jogador para o Sul de Minas.