Em meio a uma das maiores taxas de juros da história do Brasil — com a Selic em 15% ao ano — o Tesouro Nacional da gestão Lula, lançou uma campanha inédita: entre 3 de novembro e 7 de dezembro de 2025, novos investidores que aplicarem ao menos R$ 50 em títulos públicos receberão R$ 30 em cashback, creditados em Tesouro IPCA+ 2029. A ação, batizada de “Black Friday TD”, é promovida em parceria com a B3 e tem como objetivo declarado, ou disfarçado de ampliar o acesso à educação financeira. Mas por trás do discurso oficial, há sinais claros de uma estratégia de captação de recursos para fechar as contas do governo Lula ainda este ano.
Alta rentabilidade e atratividade
Com a taxa básica de juros em patamar elevado, os títulos do Tesouro Direto estão entre os investimentos mais rentáveis do mercado. O Tesouro Selic, por exemplo, oferece liquidez diária e rendimento superior à inflação. Já os títulos prefixados e atrelados ao IPCA garantem retornos reais expressivos, especialmente para quem pretende manter o investimento até o vencimento.
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A campanha de cashback surge como um atrativo adicional, especialmente para quem nunca investiu. O valor de R$ 30, embora simbólico, representa uma porta de entrada para milhares de brasileiros que ainda não conhecem o funcionamento da renda fixa pública.
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Estratégia de captação disfarçada para o governo Lula?
Apesar do apelo educativo, o timing da campanha levanta questionamentos. Com o custo da dívida pública em alta, o governo Lula precisa ampliar sua base de financiamento. A emissão de títulos via Tesouro Direto é uma forma eficiente de captar recursos diretamente com a população, sem depender exclusivamente de grandes instituições financeiras. Que no caso são as que mais tem lucrado na gestão Lula.
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A promoção, portanto, pode ser vista como uma tentativa de atrair pequenos investidores em massa. E os números ajudam a entender o impacto:
imulação de custo da campanha para o governo Lula e a arrecadação garantida para fechar as contas:
| Cenário | Nº de investidores | Custo total estimado (cashback) | Arrecadação mínima (R$ 50 por investidor) |
|---|---|---|---|
| Conservador | 100.000 | R$ 3.000.000 | R$ 5.000.000 |
| Moderado | 250.000 | R$ 7.500.000 | R$ 12.500.000 |
| Ambicioso | 500.000 | R$ 15.000.000 | R$ 25.000.000 |
Se cada investidor aplicar mais do que o mínimo — o que é comum — a arrecadação pode facilmente ultrapassar R$ 100 milhões.
O governo Lula precisa fechar as contas
A leitura crítica mais direta é que o Tesouro Nacional está, sim, buscando reforçar o caixa do governo para fechar as contas de 2025. Com a Selic em 15%, o custo da dívida pública disparou, e a rolagem de títulos vencendo exige liquidez imediata. A campanha de cashback é uma forma de atrair capital popular para financiar despesas correntes, pagar dívidas e manter os serviços públicos funcionando — tudo isso sem depender de novos impostos ou cortes impopulares.
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Além disso, ao diversificar a base de investidores e reduzir a dependência de grandes fundos, o Tesouro ganha mais estabilidade e previsibilidade no financiamento da dívida.
Educação ou marketing?
O uso do termo “cashback” — popularizado por fintechs e varejistas — reforça o caráter promocional da campanha. Embora o Tesouro Nacional afirme que a ação visa fomentar a educação financeira, o formato e a mecânica se assemelham mais a uma estratégia de marketing institucional.
O fato de o cashback ser pago em títulos e não em dinheiro evidencia o interesse do governo em manter os recursos aplicados, mesmo que em valores modestos. É uma forma de “amarrar” o investidor ao Tesouro Direto, com baixo custo e alto potencial de retorno imediato para os cofres públicos. Ele usa a palavra cashback que significa dinheiro de volta, mais não devolve nenhum centavo ao investidor, fica com o montante total para fechar as contas, e entrega apenas um pedacinho de título.
A campanha “Black Friday TD” é, sem dúvida, uma oportunidade para quem deseja começar a investir com segurança e rentabilidade. Mas também revela uma faceta menos evidente: a necessidade urgente do Estado na gestão Lula de ampliar sua arrecadação via mercado interno. Em um ano de juros altos e pressão fiscal, cada real captado via Tesouro Direto ajuda a fechar as contas públicas. O Tesouro Nacional parece ter encontrado uma narrativa que serve a dois propósitos — e que merece ser observada com atenção crítica.













