O publicitário Sidônio Palmeira deve assumir o comando da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) em janeiro. Ele foi convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aceitou o cargo. Substituirá o atual ministro, Paulo Pimenta, e terá a missão de reformular a comunicação do governo Lula, duramente criticada pelo chefe do Executivo nos últimos meses. Marqueteiro da campanha que levou Lula ao 3º mandato em 2022, Sidônio já começou a definir sua equipe. O atual secretário de Imprensa, José Chrispiniano, deixará o cargo.
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Em seu lugar, assumirá Laércio Portela, que foi ministro interino da Secom entre maio e setembro, quando Pimenta se licenciou do cargo para se dedicar a um ministério extraordinário criado para ajudar na reconstrução do Rio Grande do Sul, atingido por fortes enchentes.
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Laércio atualmente é secretário de Comunicação Institucional, responsável pela articulação da secretaria com outros ministérios. Chrispiniano assessora o petista desde que Lula havia deixado a Presidência, ao final do 2º mandato, em 2011. Acompanhou Lula durante o tratamento de um câncer na laringe, as investigações da Lava Jata prisão em Curitiba (PR) e a campanha presidencial de 2022.
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Com a vitória, assumiu a secretaria de Imprensa, em que continuou responsável pela relação de Lula com jornalistas. Sidônio deve promover outras mudanças importantes na Secom. Ele teve aval do chefe do Executivo para montar sua equipe como quiser. Alguns nomes ligados diretamente a Lula e à primeira-dama Janja Lula da Silva, porém, devem ficar.
A troca na comunicação será feita antes da reforma ministerial pensada por Lula para depois do Carnaval por não envolver uma articulação político-partidária.
O presidente quer resolver o quanto antes o que julga ser um problema que existe desde o início de seu mandato. Avalia que o impacto das políticas públicas e sociais desenvolvidas por sua gestão não se convertem em aprovação do seu governo. Janja acha que o governo Lula tem que reduzir o espaço da “extrema direta” nas redes sociais. O resultado das eleições municipais preocupou Lula que apesar dos gastos bilionários não conseguiu a votação necessária para eleger seus candidatos.
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Em 6 de dezembro, Lula disse durante seminário do PT que há equívoco seu por não organizar entrevistas com jornalistas e cobrou a realização de uma licitação para mídia digital. O petista afirmou que a questão é uma de suas preocupações para resolver a partir de 2025 porque a população precisa saber das realizações de sua gestão já visando campanha eleitoral de 2026. “Há um erro no governo na questão da comunicação e eu sou obrigado a fazer as correções necessárias para que a gente não reclame que não está se comunicando bem”, declarou na ocasião.
Na época, a fala foi interpretada por petistas e aliados como uma demissão pública de Pimenta. Desde então, o presidente iniciou o movimento para levar Sidônio de vez para o governo. Desde a vitória de Lula em 2022 e o início do governo em 2023, o marqueteiro continuou se relacionando com o presidente como uma espécie de conselheiro informal.
Nos últimos meses, porém, passou a frequentar cada vez mais o Palácio do Planalto. Inicialmente, ele resistiu à possibilidade de assumir um cargo no governo porque queria manter seu trabalho na sua agência de publicidade em Salvador (BA), onde mora.
Diante dos apelos de Lula e de aliados, como o grupo de advogados Prerrogativas, cedeu. A ida de Sidônio para o governo tem como objetivo também dar início à estratégia para uma eventual candidatura de Lula à reeleição em 2026 ou para a formatação de um sucessor.
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Só não ficou claro se este tipo de manobra é permitida, visto que Bolsonaro nunca pode utilizar nem mesmo o lugar onde morava como estratégia de sua campanha eleitoral em 2022.
Pimenta, por sua vez, deve assumir outro posto no governo, como a Secretaria Geral da Presidência, atualmente comandada por Márcio Macêdo, ou a liderança do Governo na Câmara, já que foi eleito deputado federal em 2022.
Ambos são do PT. Em uma eventual troca de ministério, Macêdo poderia assumir a tesouraria do PT. Ele foi o responsável pelas finanças da última campanha de Lula.
Sidônio desenhou a estratégia de divulgação do pacote de corte de gastos, em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou as medidas em um pronunciamento veiculado em rede nacional de rádio e televisão, em 27 de novembro. Na sexta-feira 20, produziu e participou da gravação de um vídeo em que Lula aparece ao lado do próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
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Neste sábado 21, pela manhã, Sidônio acompanhou a produção do pronunciamento de fim de ano de Lula, que deverá ser veiculado na véspera do Natal. A peça deverá ser gravada no Palácio da Alvorada.
Analistas avaliam se Sidônio irá manter o tom negacionista que Lula adotou, afirmando a todo tempo que está tudo certo com o Brasil e a economia, sem assumir suas responsabilidades e de fato resolver os problemas causados.