Investidores com mais de R$ 5 milhões em aplicações migraram de fundos de multimercado para investimentos em renda fixa durante o ano passado. Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as aplicações em renda fixa cresceram 25% entre janeiro e novembro de 2024.
O volume investido em fundos da modalidade superou os multimercados em março de 2024, contrariando as expectativas do mercado no início do ano passado.
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Investidores com patrimônio acima de R$ 5 milhões, da classe “private”, retiraram recursos dos fundos, provocando uma perda de R$ 356 bilhões -uma retração de 8%, maior queda em cinco anos, segundo levantamento da Smart Brain.
“A elevação da taxa de juros torna os fundos de renda fixa a opção mais rentável e previsível em cenários de insegurança econômica. Por outro lado, os fundos multimercados, que diversificam entre diferentes tipos de ativos, passam a ser vistos como investimentos de maior risco”, afirmam especialistas.
O total investido no mercado brasileiro aumentou 12,7% em relação a 2023, chegando a R$ 7,3 trilhões até novembro de 2024. Entre os investidores da classe “private” o crescimento foi de 9,7% no período, somando R$ 2,3 trilhões em patrimônio, segundo a Anbima.
A maior parte do capital está concentrada nos fundos, com cerca de R$ 210 bilhões, seguidos pelas LCAs (R$ 173 bilhões), LCIs (R$ 143 bilhões) e CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com R$ 104 bilhões.
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A classe de investidores conhecida como “varejo tradicional”, com menos de R$ 1 milhão em aplicações, destina a maior parte dos recursos à poupança, representando cerca de 44,39% do total investido, segundo a Anbima.
“Os fundos multimercados já foram uma importante fonte de receita para os bancos. No entanto, a migração de investidores para a renda fixa, que oferece spreads bancários menores, reduziu os ganhos dessas instituições. Atualmente, os bancos têm direcionado suas apostas para fundos diversificados de renda fixa, cobrando taxas de administração.
Segundo especialistas, essa adaptação beneficia tanto os investidores quanto as instituições financeiras. Os clientes passam a contar com mais segurança, liquidez e diversificação em seus investimentos, enquanto os bancos asseguram receitas significativas por meio do spread gerado pelas taxas de administração.
Na renda variável, investidores da classe “private” concentraram suas apostas principalmente no segmento de exportação de commodities, mais vinculado ao desempenho do dólar. Nos FIIs (Fundos Imobiliários), os “de tijolo”, que alocam recursos em imóveis físicos, destacam-se, com ênfase em projetos voltados para logística e infraestrutura.
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Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a expectativa é de uma postura ainda mais cautelosa para todas as classes de investidores em 2025. Acredita-se que a classe “private” deverá manter a maior parte dos recursos investidos em renda fixa ou migrar para aplicações no exterior.
No fim de janeiro o Banco Central brasileiro seguiu o sinal dado na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) de dezembro e aumentou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, a 13,25%. O Banco Central ainda sinalizou que vai aumentar a taxa na próxima reunião, em março, em mais um ponto percentual. Esse contexto deve consolidar a preferência dos investidores pela renda fixa neste ano.