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Os irmãos Batista, controladores da JBS (JBSS3) e da holding J&F, que desde de 2023 voltaram ao cenário de grandes aquisições em diversos setores no Brasil e exterior, estão com estudos para comprar uma fatia de 50% no Grupo Petrópolis, atualmente em recuperação judicial, aponta o colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”.

Eles são mundialmente conhecidos pelas delações feitas em esquemas de corrupção da operação Lava-jato nos antigos governos PT. Desde 2023 estão adquirindo empresas em setores essenciais do Brasil e exterior, com um volume financeiro de negócios se precedentes, em um momento onde o Brasil tem muitas empresas em crise, as dos irmãos estão a todo vapor.

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De acordo com a publicação, há conversas iniciais entre os empresários e Walter Faria, dono da empresa, que tem marcas como Itaipava, Crystal, Petra e Black Princess e é atualmente detentor de uma fatia de 12% no mercado brasileiro de cervejas.

Em meio à notícia, as ações da Ambev (ABEV3) registravam uma queda de cerca de 1% às 10h30 (horário de Brasília) desta segunda-feira (20).

O BTG Pactual aponta que os detalhes ainda são escassos e a notícia parece altamente especulativa. “No entanto, isso traz à tona um risco que, honestamente, não estávamos considerando antes”, avalia a equipe de análise.

Os analistas ressaltam que o mercado brasileiro é único, levando em conta que a maioria dos grandes mercados, em grande parte maduros, é caracterizada por ser um monopólio ou um duopólio bem definido.

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O banco aponta que, por cerca de 15 anos desde a criação da Ambev, o mercado brasileiro de cervejas contou com quatro empresas, com a Ambev dominando dois terços do mercado, enquanto a fatia restante era dividida entre as outras três.

“Quando a Heineken adquiriu a Brasil Kirin em 2016, o mercado transformou-se em uma disputa entre três empresas, com o Grupo Petrópolis permanecendo como o último player local independente. Empresas locais independentes tornaram-se raras nos principais mercados de cerveja globalmente”, avalia o BTG.

Quando o Grupo Petrópolis entrou com pedido de recuperação judicial (RJ) há cerca de dois anos, os analistas do BTG apontaram enxergar dois possíveis desfechos principais: (i) que a RJ daria ao grupo o oxigênio necessário para se reerguer, recuperando a alavancagem operacional perdida durante a pandemia; (ii) que a RJ talvez fosse o último passo antes da venda de ativos da Petrópolis. “No caso do segundo cenário, sempre consideramos a Heineken como um possível comprador, o que reestruturaria o mercado brasileiro de cervejas em um duopólio disputado por Ambev e Heineken”, avalia a equipe de análise.

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Analisando os números financeiros e a estratégia comercial da Petrópolis, o BTG reforça que a RJ desempenhou um papel importante na recuperação de volumes e participação de mercado. Após encerrar 2023 com uma taxa de utilização de capacidade de 41%, a companhia adotou uma estratégia de preços altamente agressiva, focada em maximizar a alavancagem operacional.

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Contudo, essa abordagem parece ter mudado recentemente, com a Petrópolis aumentando seus preços médios de forma constante nos últimos meses, o que fez com que os analistas acreditassem que o mercado estaria perto de um equilíbrio de preços mais disciplinado.

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Na visão dos analistas, o cenário em que a Petrópolis perde participação de mercado é aquele em que a Ambev mais se beneficia.

Neste cenário, para os analistas, a possibilidade de outro player (em vez da Heineken) entrar no mercado de cervejas no Brasil certamente pode mudar o panorama.

Questionando se haveria uma injeção de capital, o que daria à Petrópolis musculatura para desenvolver seu portfólio e aprimorar sua distribuição, o BTG ressalta que tudo é altamente especulativo agora, mas a possibilidade parece representar um desafio para a Ambev.

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“Como líder de mercado em uma indústria amplamente madura, o crescimento de longo prazo dos lucros da Ambev depende fortemente da manutenção de um poder de precificação sustentável. Os sinais recentes de um comportamento mais racional por parte da Petrópolis contribuíram para uma melhora no mercado, com a Heineken permanecendo como o único concorrente significativo a apresentar riscos”, avalia.

Assim, um aumento na competição vinda da Petrópolis provavelmente prejudicaria a capacidade da Ambev de sustentar seu potencial de crescimento dos lucros.

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