A JBS (JBSS3) dos irmãos Batista anunciou nesta segunda-feira (27) a doação de 1 milhão de quilos de proteína para as vítimas das chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul.
A quantidade é suficiente para o preparo de cerca de 6 milhões de refeições. O anúncio ocorreu após reunião os Irmãos Batistas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Planalto. (VEJA VÍDEO NO FINAL DA MATÉRIA)
A maior tragédia ambiental na história do estado deixou até o momento 169 mortes confirmadas, e ainda mais de 50 desaparecidos, além de 581.638 desalojados, segundo o último balanço da Defesa Civil do estado.
“O Rio Grande do Sul é um estado de extrema importância para a JBS e, desde o início dessa tragédia, a empresa esteve mobilizada para prover doações de itens essenciais para assistência aos afetados pelas chuvas. Mais uma vez, reforçamos nosso compromisso não apenas com nossos colaboradores gaúchos, mas com a população do estado”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni.
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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, descreveu a reunião como “emocionante” e destacou a situação atual de abastecimento alimentar no Rio Grande do Sul, mencionando que enquanto itens básicos como arroz, feijão e farinha estão disponíveis, há muita dificuldade na distribuição de proteínas. “Os HUBs logísticos, empresas do Rio Grande do Sul, se colocaram à disposição, e agora será feito uma organização com as entidades e com o governo para que a gente crie essa estrutura de logística permanente”, afirmou.
“Esse setor [agropecuário] se mostra mais do que eficiente para vender carne para o Brasil e o mundo, se mostra eficiente também na solidariedade”, completou.
JBS e irmãos Batistas envolvidos com políticos tem crescimento astronômico
A crise detonada em Brasília pela gravação implicando o presidente Michel Temer está diretamente ligada à história de ascensão dos irmãos Wesley e Joesley Batista donos da JBS e muitas outras empresas, símbolos da pujança econômica brasileira da última década.
À frente da holding J&F, que controla várias empresas, mas especialmente o frigorífico JBS – uma das maiores companhias brasileiras em faturamento -, os irmãos viram negócios modestos se transformarem em potência global. Mas agora se veem no centro de um escândalo que ameaça o governo Temer, acusado de dar aval a pagamento para silenciar o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba.
Wesley e Joesley fecharam delação premiada após a realização de uma série de operações da Polícia Federal que tinham a J&F como um dos alvos – envolvendo, inclusive, denúncias de irregularidades na aprovação de empréstimos do BNDES (banco nacional de fomento ao setor produtivo).
Os irmãos Batista envolveram-se profundamente no cenário político brasileiro: a JBS foi a maior doadora para a campanha eleitoral de 2014, gastando R$ 391 milhões, apoiando a vitória 164 deputados federais, seis governadores e da chapa formada pela ex-presidente Dilma Rousseff e por Temer.
O grupo também doou para a campanha de Aécio Neves (PSDB-MG), senador que ficou em segundo lugar na disputa presidencial e que hoje é um dos principais alvos da operação Patmos, desdobramento da Lava Jato deflagrada nesta quinta para dar sequência às investigações sobre as acusações dos empresários – segundo os relatos, ele recentemente foi gravado pedindo dinheiro a Joesley.
“Por que a JBS participa em doações de campanha? Porque acredita que, participando, tem condições de apoiar partidos e pessoas que, se ganham, podem contribuir para a gente ter um país melhor. E com um país melhor, automaticamente, a JBS tem um ganho de valor extraordinário”, disse Wesley à BBC Brasil, em julho de 2015.
A empresa terminou 2014 com um faturamento de R$ 120 bilhões, um salto espetacular em relação aos R$ 3,5 bilhões registrados em 2003.
E, sobretudo, em comparação com o início humilde dos negócios da família: uma pequena casa de carnes em Anápolis, no interior de Goiás.
Mas os irmãos também ficaram famosa pela estratégia agressiva de aquisições, como a compra, em 2015, da Alpargatas, fabricante das sandálias Havaianas, por R$ 2,67 bilhões, e também de negócios no exterior, como o frigorífico Swift – a JBS têm fábricas em 20 países, incluindo os EUA e clientes em todos os continentes.
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O conjunto dessa obra fez com que, ainda em 2015, a JBS se tornasse a maior empresa privada do Brasil em termos de receita.
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Algo agora contradito pela delação, em que ele e o irmão admitem, pelo menos do que sabe até agora, o pagamento de propina para políticos e o uso de favores para a obtenção de decisões favoráveis em processos administrativos.
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões do grupo J&F, fechada no acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF).
O magistrado também deu acesso à companhia aos arquivos de mensagens vazadas entre autoridades e integrantes da Lava Jato, apreendidas na operação Spoofing. O episódio ficou conhecido como “Vaza Jato”, na época.
A decisão do ministro Dias Toffoli da Suprema Corte, ex-advogado de Lula, e conhecido na planilha da Odebreschte como, “o amigo do amigo do meu pai”, é de terça-feira (19), e foi dada em resposta ao pedido da companhia feito dentro da ação em que o magistrado disse que a prisão de Lula foi “armação”, e então anulou provas usadas a partir do acordo de leniência da Odebrecht. Fechou um acordo de leniência em 2017 com o MPF em que se comprometeu a pagar R$ 10,3 bilhões.
A J&F acionou o STF no começo de novembro. A companhia dos irmãos Wesley e Joesley Batista mantém sobre seu guarda-chuva empresas dos setores de agronegócio, geração de energia, mineração, financeiro, entre elas a JBS.