Lacalle Pou termina seu governo no Uruguai como os próprios uruguaios dizem “o melhor presidente do país, não é o partido é a pessoa”. No Uruguai não é permitida reeleição, caso contrário Lacalle Pou ganharia fácil de qualquer outro candidato.
Contudo, os uruguaios não estavam totalmente satisfeito com a postura e proposta de seu partido, por esta razão o escolhido pelo partido para suceder Lacalle Pou não venceu, mas a disputa foi apertada até o fim.
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José del Castilho, um motorista de Uber em Montevideo, na segunda-feira após o segundo turno eleitoral, afirmou,”Lacalle Pou enfrentou até o próprio partido diversas vezes para atender os interesse e pedidos do povo, ele é muito admirado e querido aqui”.
Após governar o Uruguai de 2005 a 2019, a esquerda volta ao poder. O direitista Luis Lacalle Pou transmite hoje o governo a Yamandú Orsi, da Frente Ampla. O presidente Lula da Silva estará na posse e o Planalto fala em uma “dobradinha” da esquerda. São esperados, nos próximos anos, encontros cerimoniais, ensaios fotográficos, frases de efeito e notas oficiais fabricados pelo seu “Ministério da Propaganda”. Mas bom seria se o petismo extraísse algumas lições dos companheiros uruguaios.
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Esquerda uruguaia historicamente não se parece com a de Lula no Brasil
A esquerda uruguaia tem uma ideologia coerente com os ideais progressistas de um Estado proativo, distributivo e inclusivo o que é questionável, porém nada semelhante a autoritarismo, até o momento, não aparelha a máquina pública e respeita os fundamentos macroeconômicos. A Frente Ampla é genuinamente ampla, e não contemporiza com ditaduras, não transige com extremistas, não ostraciza dissidentes, não demoniza adversários e não nutre ambições hegemônicas. Na oposição, atuou responsavelmente; no poder, pragmaticamente. A imprensa no país também tem seu viés de esquerda, porém nada que sufoque a oposição no poder.
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No Brasil a frente ampla de Lula só aparecia em seus discursos a realidade o que se mostra é bem diferente.
A democracia do Uruguai figura em índices globais como a mais vibrante e menos corrupta da América Latina. No da Economist Intelligence Unit, o país está entre os 15 mais democráticos do mundo. Os frutos da civilidade política se colhem na seara socioeconômica. O Uruguai tem a maior renda per capita da América Latina, as menores taxas de pobreza e desigualdade, e inflação, juros e impostos baixos. O Estado de Bem-Estar é generoso e funcional.
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Orsi promete ampliar gastos sociais, mas sem aventuras fiscais, e sim atraindo investimentos com mais abertura comercial e menos burocracia. Espera-se que ele cumpra o prometido, coisa que no Brasil de Lula nunca ocorreu.
O Uruguai tem vantagens constitutivas. Sua população é pequena e sua cultura é homogênea. Mas países pequenos e homogêneos autoritários e miseráveis provam que isso não é nada sem vontade política e mobilização do povo. Certamente o que o Brasil mais carece nos dias atuais.
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Embora Lacalle Pou tenha feito muito pelo país, os desafios são muitos, especialmente porque o Uruguai tem abrigado brasileiros, venezuelanos e pessoas de várias outras nações fugindo de governos autoritários e buscando liberdade e segurança. A está um dos desafios manter a segurança no país que cresce em população rapidamente.
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O país é um oásis latino-americano, e não um paraíso, nenhum país é. Mas lá existe liberdade de expressão por enquanto.
Tudo isso testará a capacidade da esquerda uruguaia de manter o crescimento e desenvolvimento que a direita conseguiu. Mas a esquerda do Uruguai mesmo sendo esquerda, está anos-luz à frente da esquerda brasileira confinada em autoritarismo, amargor, ranço e acima de tudo vício de corrupção, sendo sustentado com narrativas facilmente colocadas as claras.
