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O presidente Lula (PT) convocou uma repentina transmissão em rede nacional em rádio e televisão no domingo 28, para celebrar 1 ano e meio de seu 3º governo (completados há cerca de 1 mês).

Falou por 7 minutos e 5 segundos. Exaltou a situação da economia no final de seu 2º mandato (encerrado em 2010) e disse que, nos governos seguintes, muita coisa foi destruída na economia —mas evitou falar que a maior recessão e manejo desequilibrado das contas públicas se deu durante o mandato de 6 anos de Dilma Rousseff (PT), indicada pelo próprio Lula para sucedê-lo.

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Lula também não mencionou o recorde de distribuição de emendas parlamentares conseguido em seu governo atual, nem tão pouco do recorde na arrecadação de impostos, que mesmo assim não conseguem suprir o recorde de gastos de seu governo.

E ainda, o aumento do número de mortes dos ianomâmis em seu governo atual, somado a alta crescente de empresas com pedido de recuperação judicial.

No pronunciamento, o presidente citou muitas estatísticas, como a redução de 52% de desmatamento na Amazônia, mas não mencionou que o Pantanal enfrenta a maior onda de incêndios de todos os tempos atualmente em seu governo.

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A área, que está majoritariamente no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, registrou o maior número de focos de incêndio para o mês de junho desde 1998, quando a estatística começou a ser contabilizada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Foram 489 regiões sob alerta de queimadas no mês em 2024 no Pantanal. O número equivale à alta de 1.037% em comparação com o mesmo período de 2023.

Só que tampouco citou que o rombo nas contas federais cresce mês a mês e que a dívida do governo já é maior ao que foi registrado durante a pandemia de covid-19, mesmo sem ter uma crise sanitária dessa natureza.

Em outro trecho do seu pronunciamento, Lula disse que 24 milhões de brasileiros deixaram de passar fome. Essa estatística não é verdadeira e desinforma, pois na realidade o número equivale a pessoas que enfrentavam insegurança alimentar, mas que não necessariamente passavam fome.

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O conceito de “insegurança alimentar e nutricional grave” é ambíguo e não esclarece quanto as pessoas desse grupo ficaram “passando fome”. Na quarta-feira, 24, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) divulgou o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo” de 2024. Nele, o Brasil aparece com 14,3 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave. Leia a íntegra do estudo:

Insegurança alimentar grave – 14,3 milhões de brasileiros (6,6% da população); insegurança alimentar grave ou moderada – 39,7 milhões de brasileiros (18,4% da população); subnutrição (a FAO infere que pessoas nesse estado “passam fome”) – 8,4 milhões de brasileiros (3,9% da população). De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a insegurança alimentar se refere “ao acesso limitado aos alimentos, ao nível de indivíduos ou famílias, por conta da falta de dinheiro ou outros recursos”. A gravidade da insegurança é medida pelo chamado FIES-SM (Food Insecurity Experience Scale Survey Modul.

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No entanto, a pesquisa da FAO (assim como a do IBGE) não afere quantas vezes um indivíduo ficou sem comer por um dia inteiro. Ou seja, alguém que diz ter passado fome uma vez no último ano equivaleria também a quem passou fome diariamente nesse mesmo período por falta de recursos financeiros e poderia ser incluída na categoria mais negativa –insegurança alimentar grave.

As críticas a seu antecessor continuam sendo comuns em seus discursos, em que ajudam a dar o tom para o slogan do governo “União e Reconstrução”. Muitos aliados têm cobrado de Lula que, a partir deste 2º ano de mandato, esqueça o adversário e concentre-se apenas nas realizações do seu governo.

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Sem mencionar seu principal adversário, Lula fez referências indiretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Espalharam armas ao invés de empregos. Trouxeram a fome de volta. Deixaram a maior taxa de juros do planeta, a inflação disparou e atingiu 8,25%. O Brasil era um país em ruínas. Diziam defender a família, mas deixaram milhões de famílias endividadas, empobrecidas e desprotegidas”, afirmou.

As falas de Lula sobre o antecessor também não são verdadeiras, mas uma visão particular que ele repete incansavelmente para ver se a torna verdade um dia.

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