Os juros do rotativo cobrados de pessoas físicas atingiram 438,42% ao ano em setembro de 2024, uma alta de 11,5 pontos percentuais em relação a agosto deste ano. Na comparação com setembro de 2023, a taxa recuou 2,7 p.p. O BC (Banco Central) divulgou o relatório das Estatísticas Monetárias e de Crédito nesta quarta-feira 30.
Este resultado é o oposto do prometido pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad em 2023. Veja a promessa do ministro e Lula no final desta matéria.
Por uma decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional), os juros do rotativo não podem ultrapassar 100% do montante devido desde janeiro de 2024. Na prática, a taxa ficaria limitada ao valor da dívida.
Se o débito for de R$ 100, por exemplo, o valor corrigido com os juros não pode passar de R$ 200. Para as empresas, os juros do rotativo em setembro foram a 134,12% ao ano, uma queda de 29 pontos percentuais em agosto ante agosto. Na comparação com setembro de 2023, recuaram 58,2 p.p.
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A taxa de juros do cartão de crédito parcelado para pessoas físicas subiu 3,7 pontos percentuais no mês passado: foi de 182,03% em agosto para 185,77% em setembro. Em 12 meses, houve queda de 8 p.p. A taxa média de juros atingiu 27,61% em setembro.
Recuou 0,9 p.p ante agosto e 2,6 p.p na variação interanual.
CHEQUE ESPECIAL A taxa cobrada no cheque especial de pessoas físicas foi a 137,09% ao ano em setembro. Representa um crescimento de 4,2 p.p em relação a agosto deste ano e de 3,2 p.p em relação a setembro de 2023.
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A taxa média anual para as empresas atingiu 346,96% ao ano no mês passado. Cresceu 6,5 pontos percentuais ante agosto e 4,9 p.p em 12 meses.
Haddad se reuniu com banqueiros 2023 para baixar juros do rotativo, um ano depois valor é maior
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quarta-feira de 2 de agosto de 2023 que o governo federal iria buscar uma solução em até 90 dias para baixar os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito, na época em 437,3% ao ano. De acordo com ele, o atual patamar do índice é “uma vergonha”.
“Há um compromisso do governo de, até no máximo o fim do ano, alguma coisa em torno de 90 dias, nós darmos uma solução para a questão do crédito rotativo, que hoje é o maior problema de juros do país. Quando você fica inadimplente, fica em uma roda-viva da qual não consegue sair”, afirmou o ministro em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
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Na ocasião ele afirmou, varejo, governo e os bancos estão sentando em uma mesa com o compromisso de resolver de uma vez por todas esse problema, que é um problema grave para as famílias brasileiras. Não tem razoabilidade. Vamos tomar providências”, acrescentou Haddad.
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Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a partir de janeiro de 2023 os juros acumulados em casos de atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito não poderão ultrapassar o valor da dívida original. Esta decisão foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em reunião realizada nesta quinta-feira (21/12/2023).
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O teto para os juros do rotativo do cartão de crédito já estava previsto na Lei do Desenrola, sancionada pelo presidente Lula, em outubro. O ministro salientou que essa medida é um passo significativo para corrigir distorções no sistema bancário brasileiro, onde muitas pessoas acabam com dívidas até dez vezes superiores ao valor original devido aos altos juros acumulados.
“O Desenrola demonstrou que esse [juros abusivos] é um dos grandes problemas do país. As pessoas estão com uma dívida, às vezes 10 vezes o valor do crédito original, a pessoa devia R$ 1.000 no cartão, dali a x meses estava em R$10 mil, e não conseguia mais pagar. Aí o desenrola mostrou o quê? Que os descontos chegavam às vezes até 95%, 97%, por quê? Porque os juros acumulados eram de tal ordem, que mesmo dando esse desconto, compensava para o banco receber”, explicou o ministro.
A decisão do CMN, disse Haddad, ocorre uma vez que não houve autoregulação do setor conforme determinava a lei do Desenrola. Essa falta de consenso levou à aplicação direta da regra estabelecida na legislação, explicou o ministro da Fazenda na época.