Em um movimento raro e altamente simbólico, centenas de palestinos protestaram na última semana de março contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. As manifestações começaram em Beit Lahia, no norte do enclave, e se espalharam rapidamente por outras regiões. Entre gritos de “Fora Hamas”, “O povo quer que o Hamas saia” e “Sim à paz, não à guerra em curso”, moradores enfrentaram o medo da repressão para denunciar o sofrimento imposto pelo regime terrorista.
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Os protestos surgiram de forma espontânea, segundo testemunhas, e revelaram um esgotamento generalizado da população de Gaza diante da destruição, fome e contínua ameaça de deslocamento forçado. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram manifestantes marchando entre ruínas, com cartazes feitos à mão e palavras de ordem que exigiam o fim da guerra. “Queremos comer”, gritavam dezenas de pessoas no campo de refugiados de Jabalia, enquanto queimavam pneus. No sul de Gaza, outros civis foram filmados dizendo: “Derrubem o Hamas”.
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“Saímos para exigir que o Hamas pare a guerra e entregue o poder a qualquer autoridade misericordiosa, para que Deus tenha piedade de nós”, disse Eyad Gendia à emissora americana NBC News. Outro homem, não identificado, acrescentou: “Se o problema de Israel é o Hamas, vamos expulsar o Hamas para resolver esse problema”.
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A reação israelense foi de incentivo. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, publicou um vídeo em suas redes sociais elogiando os protestos e dizendo que eles são a única forma de interromper a guerra em curso.
“Aprendamos com o povo de Beit Lahia e exijamos, como eles, que o Hamas deixe Gaza e liberte imediatamente todos os israelenses sequestrados”, afirmou Katz.
O Hamas tentou minimizar o levante popular. Em nota enviada à emissora CNN, o Escritório de Mídia do grupo terrorista confirmou que os protestos foram “espontâneos”, contudo, disse que os movimentos “não refletem a posição nacional geral”. Segundo o comunicado, os gritos contra o Hamas seriam resultado da “pressão sem precedentes que nosso povo está enfrentando” e parte de uma tentativa da “ocupação israelense de semear divisões internas”.
A repressão dos terroristas do Hamas aos protestos não tardou a acontecer. Na semana passada, veio à tona a notícia sobre o assassinato de Oday Nasser Al Rabay, um jovem palestino de 22 anos que havia participado dos movimentos contra o controle dos terroristas sobre Gaza. Segundo relato do irmão de Al Rabay à CNN, ele foi sequestrado, torturado e morto por terroristas das Brigadas Al-Qassam, o braço armado do Hamas.
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“Eles o levaram, continuaram torturando-o. Então me ligaram e disseram: venha buscar seu irmão”, relatou Hassan Rabie. “Ele estava amarrado pelo pescoço com uma corda, sendo arrastado e espancado.” Segundo a informação, o recado deixado pelos terroristas foi direto: “Este é o destino de todos que desrespeitam as Brigadas Al-Qassam e falam mal delas”.
As manifestações ocorridas em Gaza representam uma quebra de silêncio sem precedentes em um território há anos submetido ao controle violento do Hamas. Para o cientista político Khalil Shikaki, diretor do Palestinian Center for Policy and Survey Research, com sede em Ramallah, “não há dúvida de que muitos habitantes de Gaza são contrários ao Hamas”. Em artigo publicado na revista Time, Shikaki — que pesquisa a opinião pública palestina desde 1993 — revelou que, historicamente, o grupo jamais contou com maioria popular em Gaza, e que a insatisfação aumentou significativamente desde o início da guerra, após o ataque terrorista do Hamas contra Israel. De acordo com Shikaki, em setembro de 2023, antes do massacre em Israel e o início da guerra, 38% dos cidadãos de Gaza apoiavam o Hamas; em 2024, com a guerra já em curso, esse número caiu para 35%.
Segundo ele, “os protestos têm três mensagens principais: um pedido de ajuda, a exigência de viver com dignidade e acesso à comida, e, principalmente, um apelo para que o Hamas abandone o poder”. Embora nem todos os cartazes apresentados nos protestos fizessem essa ligação explicitamente, afirma Shikaki, “os manifestantes acreditam que, se o Hamas deixar o governo [de Gaza], a guerra pode acabar e a vida pode melhorar”.
“Negar a legitimidade das reivindicações desses manifestantes é um erro grave de avaliação”, disse Shikaki, sobre a posição do Hamas diante dos protestos.
Outros especialistas também apontam o esgotamento popular como combustível da mobilização. Dalia Ziada, pesquisadora egípcia e analista sênior do Centro de Segurança e Assuntos Exteriores de Jerusalém, afirmou que protestos anteriores foram abafados rapidamente pela repressão do Hamas, mas que a situação atual é diferente. Para ela, “o Hamas está sozinho e devastado; os meios de comunicação patrocinados pelo Qatar perderam credibilidade; e a população rompeu a barreira do medo após não ter mais nada a perder”.
Na mesma linha, Sanam Vakil, diretora do programa para Oriente Médio e Norte da África do prestigiado think tank britânico Chatham House, declarou que os protestos colocam nova pressão sobre o Hamas enquanto Israel e os EUA exigem avanços em negociações por reféns e cessar-fogo.
Já Dan Harris, advogado internacional formado em política pela Universidade de Cambridge e articulista do site The Algemeiner, avaliou que os protestos vistos em Gaza têm um “caráter social” comparável aos levantes da Primavera Árabe. Segundo ele, o clamor por sobrevivência dá legitimidade às manifestações mesmo diante da ausência de alternativas políticas claras.
“Esses protestos têm potencial de iniciar um processo que leve à queda do Hamas”, afirmou.
Para o ativista Ahmed Fouad Alkhatib, membro do think tank Atlantic Council, as manifestações foram “expressões orgânicas, populares e totalmente autênticas de frustração, ira, fúria e esgotamento de um povo refém do terrorismo e da criminalidade imposta pelo Hamas”.
Em um movimento raro e altamente simbólico, centenas de palestinos protestaram na última semana de março contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. As manifestações começaram em Beit Lahia, no norte do enclave, e se espalharam rapidamente por outras regiões. Entre gritos de “Fora Hamas”, “O povo quer que o Hamas saia” e “Sim à paz, não à guerra em curso”, moradores enfrentaram o medo da repressão para denunciar o sofrimento imposto pelo regime terrorista.
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Os protestos surgiram de forma espontânea, segundo testemunhas, e revelaram um esgotamento generalizado da população de Gaza diante da destruição, fome e contínua ameaça de deslocamento forçado. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram manifestantes marchando entre ruínas, com cartazes feitos à mão e palavras de ordem que exigiam o fim da guerra. “Queremos comer”, gritavam dezenas de pessoas no campo de refugiados de Jabalia, enquanto queimavam pneus. No sul de Gaza, outros civis foram filmados dizendo: “Derrubem o Hamas”.
“Saímos para exigir que o Hamas pare a guerra e entregue o poder a qualquer autoridade misericordiosa, para que Deus tenha piedade de nós”, disse Eyad Gendia à emissora americana NBC News. Outro homem, não identificado, acrescentou: “Se o problema de Israel é o Hamas, vamos expulsar o Hamas para resolver esse problema”.
A reação israelense foi de incentivo. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, publicou um vídeo em suas redes sociais elogiando os protestos e dizendo que eles são a única forma de interromper a guerra em curso.
“Aprendamos com o povo de Beit Lahia e exijamos, como eles, que o Hamas deixe Gaza e liberte imediatamente todos os israelenses sequestrados”, afirmou Katz.
O Hamas tentou minimizar o levante popular. Em nota enviada à emissora CNN, o Escritório de Mídia do grupo terrorista confirmou que os protestos foram “espontâneos”, contudo, disse que os movimentos “não refletem a posição nacional geral”. Segundo o comunicado, os gritos contra o Hamas seriam resultado da “pressão sem precedentes que nosso povo está enfrentando” e parte de uma tentativa da “ocupação israelense de semear divisões internas”.
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A repressão dos terroristas do Hamas aos protestos não tardou a acontecer. Na semana passada, veio à tona a notícia sobre o assassinato de Oday Nasser Al Rabay, um jovem palestino de 22 anos que havia participado dos movimentos contra o controle dos terroristas sobre Gaza. Segundo relato do irmão de Al Rabay à CNN, ele foi sequestrado, torturado e morto por terroristas das Brigadas Al-Qassam, o braço armado do Hamas.
“Eles o levaram, continuaram torturando-o. Então me ligaram e disseram: venha buscar seu irmão”, relatou Hassan Rabie. “Ele estava amarrado pelo pescoço com uma corda, sendo arrastado e espancado.” Segundo a informação, o recado deixado pelos terroristas foi direto: “Este é o destino de todos que desrespeitam as Brigadas Al-Qassam e falam mal delas”.
As manifestações ocorridas em Gaza representam uma quebra de silêncio sem precedentes em um território há anos submetido ao controle violento do Hamas. Para o cientista político Khalil Shikaki, diretor do Palestinian Center for Policy and Survey Research, com sede em Ramallah, “não há dúvida de que muitos habitantes de Gaza são contrários ao Hamas”. Em artigo publicado na revista Time, Shikaki — que pesquisa a opinião pública palestina desde 1993 — revelou que, historicamente, o grupo jamais contou com maioria popular em Gaza, e que a insatisfação aumentou significativamente desde o início da guerra, após o ataque terrorista do Hamas contra Israel. De acordo com Shikaki, em setembro de 2023, antes do massacre em Israel e o início da guerra, 38% dos cidadãos de Gaza apoiavam o Hamas; em 2024, com a guerra já em curso, esse número caiu para 35%.
Segundo ele, “os protestos têm três mensagens principais: um pedido de ajuda, a exigência de viver com dignidade e acesso à comida, e, principalmente, um apelo para que o Hamas abandone o poder”. Embora nem todos os cartazes apresentados nos protestos fizessem essa ligação explicitamente, afirma Shikaki, “os manifestantes acreditam que, se o Hamas deixar o governo [de Gaza], a guerra pode acabar e a vida pode melhorar”.
“Negar a legitimidade das reivindicações desses manifestantes é um erro grave de avaliação”, disse Shikaki, sobre a posição do Hamas diante dos protestos.
Outros especialistas também apontam o esgotamento popular como combustível da mobilização. Dalia Ziada, pesquisadora egípcia e analista sênior do Centro de Segurança e Assuntos Exteriores de Jerusalém, afirmou que protestos anteriores foram abafados rapidamente pela repressão do Hamas, mas que a situação atual é diferente. Para ela, “o Hamas está sozinho e devastado; os meios de comunicação patrocinados pelo Qatar perderam credibilidade; e a população rompeu a barreira do medo após não ter mais nada a perder”.
Na mesma linha, Sanam Vakil, diretora do programa para Oriente Médio e Norte da África do prestigiado think tank britânico Chatham House, declarou que os protestos colocam nova pressão sobre o Hamas enquanto Israel e os EUA exigem avanços em negociações por reféns e cessar-fogo.
LEIA: Multidão de brasileiros em manifestação pacifica na avenida Paulista pela anistia urgente…
Já Dan Harris, advogado internacional formado em política pela Universidade de Cambridge e articulista do site The Algemeiner, avaliou que os protestos vistos em Gaza têm um “caráter social” comparável aos levantes da Primavera Árabe. Segundo ele, o clamor por sobrevivência dá legitimidade às manifestações mesmo diante da ausência de alternativas políticas claras.
“Esses protestos têm potencial de iniciar um processo que leve à queda do Hamas”, afirmou.
Para o ativista Ahmed Fouad Alkhatib, membro do think tank Atlantic Council, as manifestações foram “expressões orgânicas, populares e totalmente autênticas de frustração, ira, fúria e esgotamento de um povo refém do terrorismo e da criminalidade imposta pelo Hamas”.