O recente anúncio do presidente Gustavo Petro sobre a compra estatal de colheitas de coca na região de El Plateado, no departamento de Cauca, tem provocado uma série de críticas e levantado sérias preocupações sobre os rumos do combate ao narcotráfico na Colômbia. Durante um evento, Petro declarou: “Nós em El Plateado vamos iniciar a compra estatal de colheita de coca. Vão chover raios e trovões sobre nós”, deixando claro que a medida seria altamente polêmica, mas, segundo ele, necessária para enfrentar a crise social e econômica que afeta a região. A proposta faz parte de uma política mais ampla de crédito solidário para áreas historicamente marginalizadas.
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De acordo com a revista Semana, o presidente justificou a iniciativa afirmando que os camponeses da região cultivam coca por falta de alternativas econômicas. A promessa de compra da colheita de coca seria uma solução temporária, até que fosse possível implementar uma “economia lícita” nessas áreas. Petro ressaltou que, sem crédito, essas regiões pobres e excluídas não têm chance de diversificar sua produção: “Crédito em todas as zonas, as mais pobres e excluídas da Colômbia. Nessas regiões, o crédito não chega, porque o crédito não chega aos pobres”. Para ele, a ausência do Estado nessas localidades é a causa principal da dependência dos camponeses em relação ao cultivo de coca.
No entanto, o contexto em que essa proposta surge é preocupante. Como reportado pelo PanAm Post, os cultivos de coca no país cresceram 10% em 2023, enquanto a produção de cocaína aumentou impressionantes 53%. A área plantada com coca chegou a 253 mil hectares no fim de 2023, de acordo com a ONU, e a produção total de cocaína ultrapassou 2.664 toneladas, um salto em relação às 1.738 toneladas registradas em 2022.
Esses números evidenciam que o problema está longe de ser resolvido, e o plano de Petro, em vez de frear o avanço do narcotráfico, pode acabar legitimando o mercado ilegal da coca. Para completar, a erradicação manual de cultivos caiu drasticamente, de 13.331 hectares erradicados em 2023 para apenas 4.504 hectares no mesmo período de 2024.
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Além disso, Petro não deixou claro o destino final da coca comprada pelo governo, nem a fonte exata dos recursos que financiarão essas compras. Conforme pontua o PanAm Post, o presidente não especificou se a coca seria destruída ou utilizada de alguma forma. Esse silêncio gerou críticas sobre a transparência e os riscos associados ao uso de dinheiro público para financiar colheitas de uma planta que, como destaca o relatório da ONU, é quase inteiramente destinada à produção de cocaína.
Outro ponto que aumenta a desconfiança em relação às políticas de Petro é sua postura já conhecida sobre a cocaína. Em 2022, durante um discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente questionou: “O que é mais venenoso para o ser humano? A cocaína ou o carvão ou o petróleo?”, sugerindo que a cocaína causa menos mortes do que as fontes de energia fósseis e, por isso, deveria ser tratada de maneira menos rigorosa. Passados dois anos, a situação do narcotráfico no país parece ter se agravado, e as políticas do governo colombiano, ao invés de enfrentar o problema de frente, têm sido vistas como condescendentes com os cartéis.
Embora Petro insista que a compra das colheitas de coca seja uma etapa transitória, até que a economia legal se desenvolva nessas áreas, o cenário sugere uma solução arriscada e com impacto limitado no combate às drogas. Na prática, o governo corre o risco de subsidiar a produção de coca, que hoje alimenta o narcotráfico e suas ramificações criminosas.
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A relação de amizade e parceria entre Lula da Silva e Gustavo Petro é de longa data
o Petro e Lula da Silva reflete uma parceria sólida e de longa data. Lula, ao manifestar apoio a Petro durante as recentes investigações de 2024, afirmou: “Como alguém que já foi vítima de todo tipo de perseguição política, manifesto minha solidariedade ao presidente Petro. Não se pode abrir mão do devido processo legal, ainda mais quando o que está em jogo é a vontade do povo expressa democraticamente pelas urnas.”
Petro, por sua vez, destacou sua admiração por Lula em diversas ocasiões. Em 2019, ele afirmou: “Seu neto morreu e Lula seguirá preso, encarcerado por juízes que hoje governam com o fascismo. Lula é um preso político. Seu encarceramento era imprescindível para entregar a América Latina ao que há de mais sombrio na política e no ódio de quem detém o maior poder econômico.”. Esses comentários revelam a conexão entre os dois líderes, que compartilham uma visão comum integração com base nos valores do socialismo latino americano.