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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na quarta-feira, 23, que os ruídos sobre a meta de inflação começaram quando o governo Lula tocou no assunto. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizia que o Brasil não precisava ter um alvo tão baixo. “Se a meta de inflação está errada, muda-se a meta”, disse o chefe do Executivo em abril de 2023.

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Ele reforçou que o BC não questiona a meta de inflação, que, pontuou, está fixada no Brasil em 3%, em linha com o alvo perseguido na maioria dos países (na faixa entre 2% e 3%).

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Durante evento com investidores organizado pelo UBS BB em paralelo às reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, ele disse ainda que está muito dedicado a fazer “da melhor maneira possível” a transição com o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que vai assumir a presidência do BC em janeiro.

Os “ruídos” em torno da sucessão, considerou Campos Neto, são o preço pago pela primeira transição feita no BC após a aprovação da autonomia operacional.

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Perspectivas para economia e meta fiscal do Brasil com Lula estão piorando

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, apesar de alguns números recentes para inflação terem vindo melhores do que o esperado, todas as outras variáveis que apontam para o futuro estão piorando.

Como exemplo, mencionou a piora da inflação implícita no país e da curva longa de juros, o aumento do prêmio de risco (rentabilidade adicional cobrada pelos investidores no Brasil), as projeções de inflação do próprio BC, que se afastaram mais do centro da meta.

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Ele ainda citou o hiato do produto positivo (indicação de que a atividade está operando acima do seu potencial, aquecida e sujeita a pressões inflacionárias) e o balanço de riscos assimétrico (quando há mais riscos de a inflação surpreender para cima do que para baixo).

“Quando olhamos a inflação desancorando [se afastando da meta] e o prêmio de risco onde está hoje, é um sinal que nos preocupa muito. Nós precisamos endereçar isso”, disse.

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Segundo o presidente do BC, o Copom (Comitê de Política Monetária) optou por iniciar de forma gradual o ciclo de alta de juros porque havia muita incerteza no cenário econômico doméstico e internacional.

A autoridade monetária elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, destacando preocupação com a resiliência da atividade econômica, a força do mercado de trabalho e piora em expectativas para a inflação.

Campos Neto reforçou a importância de convencer os investidores de que o BC fará o necessário para atingir a meta de inflação. O alvo perseguido pela autoridade monetária é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

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Para o chefe da autarquia, não se deve questionar a meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que varia na maioria dos países entre 2% (economias avançadas) e 3% (emergentes).

Aos investidores, Campos Neto reafirmou que a divisão do Copom na reunião de maio não foi política e que a cúpula do BC aprendeu que divisões podem criar prejuízos.

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