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A série de indicadores fracos divulgados nas últimas semanas, alguns deles abaixo das expectativas, trouxe sinais de perda de tração da atividade, sugerindo uma possível inflexão do ciclo de surpresas no crescimento econômico.

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A perspectiva de recessão técnica – isto é, dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB) – ainda não é um consenso no mercado, mas já está no cenário mais provável dos economistas de pelo menos seis instituições: Bradesco, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura, Tendências e BV.

Não será uma surpresa se este grupo aumentar em pouco tempo porque, em geral, não só as previsões ao PIB estão com viés de queda – ou seja, com possíveis revisões para baixo – como grande parte dos analistas trabalha com pelo menos um trimestre de contração, precedido ou seguido por outro próximo da estagnação.

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Com os juros subindo rápido para segurar a inflação, a chance de recessão técnica é considerada não desprezível por quem ainda não colocou tal possibilidade como tendência em seu cenário.

Divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde a última semana do mês passado, dados relativos a novembro mostraram que as vendas do varejo e o volume de serviços prestados caíram mais do que o esperado.

O Brasil também não gerou em novembro tantas vagas de emprego com carteira assinada como os economistas previam: 106,6 mil postos registrados pelo Ministério do Trabalho, o menor saldo para o mês da série histórica iniciada em 2020, contra 125 mil previstos na mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). Na indústria, a produção acumulou queda de 0,8% nas últimas duas medições do IBGE: outubro e novembro.

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São dados que suscitaram leituras entre analistas de que o ritmo de crescimento da economia brasileira acima de seu potencial tenha talvez se esgotado. A tendência é de desaceleração, que provavelmente se apresentará de forma gradual no último resultado do PIB de 2024, e deve ser interrompida ou ofuscada pelo impulso da safra recorde de grãos, em especial da soja, neste primeiro trimestre.

Contudo, à medida que forem se dissipando os efeitos da produção agrícola, o que vai restar é uma economia sob impacto dos juros mais altos, e sem os impulsos fiscais que sustentaram, em boa parte, o crescimento dos últimos dois anos. A partir daí, a possibilidade de recessão técnica em algum momento deste ano está no radar do mercado.

Economistas comentam que, com o fim do efeito positivo da agricultura do período Bolsonaro na economia, haverá incidência maior das condições financeiras mais restritivas, dado o aperto da política monetária, em paralelo à diminuição do estímulo fiscal, em razão da contenção nos gastos previsto para cumprimento do arcabouço das contas públicas. No cenário da Tendências, o PIB cai 0,6% no terceiro trimestre e 0,2% nos últimos três meses do ano.

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Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, o PIB começa a cair antes, no segundo trimestre, para quando ele prevê queda de 0,5% na margem. No terceiro trimestre, sua expectativa é de nova contração de 0,5% da economia. “Essa queda da atividade é a transmissão da política monetária [contracionista] para, principalmente, os setores mais ligados ao crédito. Esse pedaço do PIB vai sofrer ao longo do ano”, comenta Costa.

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