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O empresário Horacio Lafer Piva, que foi presidente da Fiesp há 20 anos e hoje preside o conselho de administração da Klabin (KLBN3), diz ter ficado muito preocupado com as conversas ventiladas no governo Lula de que a atual turbulência econômica poderia ter sido causada por ataques especulativos.

Para ele, parece haver no governo alguma dificuldade de transmitir ao presidente Lula as verdades incômodas sobre a situação econômica. Piva avalia que falta apoio do PT a Fernando Haddad e que o próprio ministro da Fazenda, assim como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, têm sido atropelados. As afirmações do empresário foram feita em entrevista no último dia 19 à Folha de São Paulo.

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“Eu sempre dei para Haddad o benefício da dúvida, porque é uma pessoa inteligente, bem-intencionada. Ele parecia, até agora, um marinheiro tentando remar em um mar revolto e cheio de tubarões. Eu reconheço a vida dura dele, mas nesses últimos tempos, fico me perguntando se ele mesmo não está sucumbindo a um certo negacionismo econômico”, afirma o empresário.

Ele afirma que a situação atual do Brasil :” é uma leitura nada boa. Eu fico muito preocupado, porque há uma conversa de que o que está acontecendo são ações especulativas. Claro que deve haver especulação, mas isso é uma consequência. Não é uma causa. São planos aquém do que seriam necessários, é uma comunicação mal feita, são mensagens muito contraditórias por parte dos Poderes, principalmente do Executivo e do Legislativo”.

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Piva apoia Lula e critica Bolsonaro em 2022

É importante lembrar Piva é crítico do ex-presidente Bolsonaro. “O Bolsonaro nos leva para o abismo. O Lula nos deixaria parados, talvez com pequenos avanços”, disse Lafer Piva, em agosto de 2022 ao Estadão. Piva que assinou e defende a “Carta da Democracia” a favor de Lula afirmou na época ao Estadão: “A carta vem para mostrar que, apesar de divididos, podemos nos unir naquelas coisas nas quais todos acreditamos, como a liberdade e a democracia. Fico incomodado com os empresários que não estão assinando essa carta. Daqui um tempo olharemos para isso, porque é algo absurdamente assustador. Me pergunto como essas pessoas e entidades não assinaram. Pela primeira vez, não me incomodo de ser chamado de mau-caráter. Desde o início, antes de ele ser eleito, eu dizia que o Bolsonaro era um atraso civilizatório. Temos demonstrações muito claras de uma atitude boquirrota, de enfrentamento. Me incomoda como cidadão, mas não posso levar a sério esse tipo de ataque que não está sendo feito só a quem assinou a carta, mas ao Brasil. Como pano de fundo, há certamente a questão das eleições, que ganharam uma importância que o leva a um certo desespero. Incomoda? Sim, mas não me ofende, nem atinge. Alguns empresários já passaram do espanto (com Bolsonaro) para um certo desprezo”, disse o empresário na época.

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Sobre Lula ele afirmou na mesma entrevista em 2022: “ Gosto do Lula, tenho bom relacionamento com ele, reconheço conquistas, não há quem saiba mais da alma do brasileiro. Mas isso não significa que ele seja o melhor (para o País) agora. Me agradaria muito mais a ideia de que o PT arrumasse a casa, até porque é um partido importante, e ficasse na oposição, e não no poder. (Em uma eventual eleição), ele fatalmente fará menos do que na primeira gestão, por questões que até não dependem dele. Ele não vai ser perdoado por quem o condenou. Ele precisa se abrir para o novo. O Lula está mais preso à militância do PT do que a ele mesmo. Lula é melhor do que seu entorno”, disse ele na época.

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Como empresário da Klabin entende o governo de Lula 3?

Na entrevista atual para a Folha de São Paulo ele afirmou: “eu fico me perguntando, quem está dizendo as verdades incômodas para o presidente Lula?”. Ou as verdades incômodas têm sido aliviadas para o presidente ou nós estamos mesmo em apuros, pois ele não quer acreditar no que está aí. Essas verdades incômodas estão sendo colocadas de uma maneira mais doce? Se não for isso, aí de fato, nós estamos em apuros, porque o presidente vai estar acreditando, e aquilo que ele tem dito que vai acontecer acabará se tornando uma grande decepção. A verdade é que nós estamos diante de um enorme constrangimento fiscal”.

Piva afirma que o próprio Haddad trouxe essa história de que a situação atual pode ter sido causada por um ataque especulativo, que teria levado o dólar a esse patamar, mas Galípolo nesta quinta-feira (19) já disse que não foi especulação.

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O empresário explica: “é claro que não. O movimento está mais do que claro. E faz tempo que está acontecendo assim. Em uma terra de cegos, o Haddad e a Simone [Tebet, ministra do Planejamento] eram os que tinham um olho. Mas também não está adiantando muito, porque no fundo eles têm sido atropelados. E quando eles vêm com um discurso ainda muito governista, a gente fica preocupado, porque a gente começa a achar que as pessoas não estão vendo o que está acontecendo. É aquilo em que eu insisto: respeitadas as exceções, Brasília parece que, às vezes, não vive no Brasil. E o Congresso, com tudo que está fazendo… estamos com a reforma tributária, que partiu com boas intenções, boas referências, mas está sendo engolida por interesses e lobbies da pior qualidade. São lobbies empresariais e do governo Lula. Está desidratada, o arcabouço fiscal, desidratados. Está regulamentada, mas ela está machucada”, finalizou ele.

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Sobre o indicado de Lula para assumir o Banco Central em 2025, Piva afirmou: “a gente não sabe ainda muito bem quem é o Galípolo. Ele está chegando. Ele poderia ser, mas eu acho que ele também, de alguma maneira, vai ter de ter um certo jogo de cintura, porque ao fim e o cabo, quem manda é a política. Então, a gente não sabe exatamente como é que o Galípolo vai resistir a isso. O Roberto Campos tentou, em vários momentos, ter uma posição de defesa do Banco Central independente e da sua opinião como presidente do Banco Central. Vamos ver se o Galípolo consegue uma coisa parecida. Ele provavelmente é uma pessoa que compreende o mal da inflação com alguma exatidão e compreende que quem acaba pagando a conta são os mais pobres. O que nós vamos ver com tudo isso são os pobres ficarem mais pobres e os rentistas ficarem mais ricos. Eu acho que o Galípolo está percebendo isso”, disse ele.

Piva finaliza dizendo que está preocupado, “vendo uma piora do cenário, uma piora do humor, não obstante as declarações que o presidente faz. Eu vejo as empresas optando mais por redução de dívida do que por investimentos”.

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