As recentes tensões entre Irã e Israel no Oriente Médio têm provocado um novo choque no mercado global de fertilizantes, impactando diretamente o agronegócio brasileiro, especialmente na safra 2025/2026. Essa situação contrasta com o cenário enfrentado no início da guerra da Ucrânia, quando havia previsão de escassez de fertilizantes, mas o governo Bolsonaro conseguiu implementar medidas que minimizaram os efeitos para o Brasil. Entenda as razões dessa nova crise e seus desdobramentos.
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Dependência do Brasil do Oriente Médio e o papel do Irã
O Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes que utiliza, sendo o Oriente Médio uma região estratégica para o fornecimento, especialmente de fertilizantes nitrogenados como a ureia. Em 2024, o Irã foi responsável por aproximadamente 19% do nitrogênio importado pelo país, fornecendo cerca de 1,6 milhão de toneladas de ureia.
Com o agravamento do conflito entre Irã e Israel, plantas produtoras de ureia e amônia no Irã e no Egito sofreram paralisações, seja por riscos diretos da guerra ou pela redução do fornecimento de gás natural, essencial para a produção desses insumos. Isso gerou uma redução abrupta na oferta global, elevando os preços em cerca de 9,3% em poucos dias, segundo a StoneX.
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Bolsonaro agiu e evitou maior impacto da guerra da Ucrânia, Crise atual é mais grave, sem ação de Lula
No início da guerra da Ucrânia em 2022, o Brasil enfrentou o risco de desabastecimento principalmente porque a Rússia, um dos principais fornecedores mundiais de potássio e outros fertilizantes, teve sua exportação comprometida por sanções internacionais. Naquele momento, o governo Bolsonaro adotou uma série de medidas para mitigar os impactos:
- Plano Nacional de Fertilizantes: lançado em 2022, com metas para aumentar a produção nacional e reduzir a dependência externa até 2050, incluindo incentivo à mineração de potássio em territórios nacionais, mesmo em áreas indígenas.
- Diversificação das fontes: o governo buscou ampliar importações de fertilizantes de outros países, como Canadá, Marrocos e Chile, para compensar a redução das compras da Rússia.
- Negociações e acordos diplomáticos: Bolsonaro usou o risco de falta de fertilizantes para pressionar o Congresso a aprovar medidas que facilitassem a exploração mineral interna, além de manter canais abertos com fornecedores internacionais.
Essas ações, combinadas com estoques estratégicos e negociações antecipadas, evitaram uma crise aguda no fornecimento para a safra de 2022/2023.
Por que o conflito no Oriente Médio gera novo impacto?
O conflito no Oriente Médio afeta diretamente a cadeia produtiva de fertilizantes nitrogenados, essenciais para a agricultura brasileira, em um momento crítico de preparação da safra 2025/2026. A paralisação da produção no Irã e Egito, além dos riscos logísticos e geopolíticos, cria um cenário de incerteza que eleva os preços e dificulta a entrega dos insumos.
Além disso, o Brasil já adquiriu cerca de 61% dos fertilizantes necessários para o segundo semestre, mas nem todos os pedidos foram entregues, o que pode levar a atrasos e redução na aplicação dos insumos na próxima safra.
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Impacto para os produtores brasileiros e o agronegócio
O aumento dos preços dos fertilizantes pressiona diretamente os custos de produção de grãos como soja e milho, principais commodities brasileiras. Com a relação de troca desfavorável, muitos agricultores podem reduzir a aplicação de fertilizantes, comprometendo a produtividade e a competitividade do setor.
Além disso, a insegurança no fornecimento pode afetar a confiança dos produtores e gerar volatilidade nos mercados agrícolas, com reflexos em exportações e na balança comercial do país.
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Lições do passado e desafios futuros
A experiência do governo Bolsonaro em 2022 mostrou que medidas estruturais, como o Plano Nacional de Fertilizantes e a diversificação das importações, são essenciais para mitigar crises externas. No entanto, a dependência elevada do mercado internacional, especialmente de regiões geopolíticamente instáveis, continua sendo um ponto vulneráve.
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O avanço do Plano Nacional de Fertilizantes com a gestão Lula tem sido lento e enfrenta desafios como conflitos sobre exploração em terras indígenas e altos custos de investimento, o que limita a capacidade do Brasil de alcançar autonomia em curto prazo.