A empresa Wolfrin Montevidéu/Alfa se apresentava como uma startup de tecnologia com sede no Uruguai. Ela divulgava e segundo levantamos até a publicação desta matéria continua divulgando vagas por meio de redes sociais como Instagram, facebook, youtube, grupos de whatsapp entre outros, oferecendo oportunidades para brasileiros em busca de trabalho no exterior. A promessa incluía:
Vaga em call center internacional
Salário em dólar
Ambiente corporativo moderno
Alojamento incluso
Crescimento profissional
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A comunicação era feita com linguagem profissional, imagens de escritórios bem estruturados e até supostos depoimentos de funcionários satisfeitos. Tudo para transmitir credibilidade e atrair candidatos vulneráveis, em busca de trabalho.
Até o momento recebemos denúncias de três brasileiros que foram envolvidos neste caso. Porém, temos informações de que o número é muito maior.
Um dos caso é de um brasileiro de 38 anos, natural de São Paulo, foi vítima de tráfico humano ao aceitar uma proposta de emprego internacional que prometia salário em dólar e carreira em tecnologia. Ao chegar ao Uruguai, descobriu que havia sido enganado por uma quadrilha especializada em tráfico humano. Mas outros casos já foram em fraudes com investimentos conhecidos como Forex que objetivam apenas roubar os investidores e explorar os trabalhadores.
O golpe: do recrutamento à escravidão digital
Os brasileiros passam por treinamento online antes do embarque para o Uruguai, demonstrando seriedade em todo o processo e fazendo a pessoa acreditar que se trata de algo sério.
Ao desembarcar em Montevidéu, a vítima é levada a um local isolado, tem seus documentos retidos e fica impedida de sair. Lá, foi forçado a trabalhar em turnos exaustivos aplicando fraudes com criptomoedas. O esquema envolve:
Simulação de atendimentos em plataformas de investimento
Uso de sites clonados e perfis falsos
Promessas de retorno financeiro rápido para atrair vítimas.
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Como os recrutadores da Wolfrin atuam
Para realizar esta matéria iniciei uma série de investigações pelas redes sociais e participei de grupos onde os recrutadores da empresa se infiltram e oferecem as vagas. Em um dos grupos por exemplo, um dos participantes que se apresentou como recrutador da Wolfrin para ganhar a confiança das pessoas do grupo, afirmou que ele trabalhava na empresa e todos que lá trabalhavam poderiam ganhar até US$ 200 para indicar novos candidatos para as vagas e que o candidato que fosse selecionado e passasse no treinamento receberia US$ 200 também.
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No banner de publicidade que divulgam nos grupos, havia a indicação de que os profissionais receberiam mensalmente o equivalente a R$ 4 mil. Caso o trabalhador realizasse horas extras contaria com mais benefícios que poderiam chegar ao salário de R$ 5,2 mil por mês.
O recrutador que estava no grupo explicou que a empresa pagava em adiantamento 4 mil pesos uruguaios e 2 mil pesos Uruguaios como ajuda para alimentação“. Esta oferta aqui mencionada foi feita no grupo de whatsapp em 21 de outubro de 2025. Observei que a maior parte dos recrutadores não usam foto de perfil, mais as vezes as fotos também são fake.
Um membro do grupo questionou porque ele usava um número no Whatsapp com código 24 e não do Uruguai. Ele disse que tinha número do Uruguai também, porém preferia usar o do Brasil. Observei que muitos destes recrutadores tem número de telefone com o código do Brasil 24, mas não conseguir descobrir alguma razão específica.
O fato é que está empresa é apenas uma delas, estão atuando de vários formas e com nomes diferentes. Publicarei uma outra matéria com um outro tipo de golpe que estão fazendo com brasileiros que estão ou pretendem ir para o Uruguai e precisam de trabalho.
Manipulação emocional e pressão psicológica para manter o controle
A vítima é mantida em condições análogas à escravidão, sem comunicação com familiares e sob vigilância constante. Em casos que a pessoa adoece é abandonada nas ruas da cidade. Tive conhecimentos de três brasileiros que atualmente estão em situação de rua em Montevideo, não podem retornar ao Brasil, por questões pessoais ou financeiras.
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Rede internacional de tráfico digital
Esse caso se soma a uma série de denúncias envolvendo brasileiros traficados para países como Tailândia, Laos e agora Uruguai, onde são explorados em esquemas de fraude digital. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, há registros de brasileiros mantidos em cativeiro por quadrilhas que operam com alto grau de organização.
Essas redes utilizam redes sociais e sites de emprego para aliciar vítimas, prometendo oportunidades no exterior. Ao chegarem ao destino, os aliciados são privados de liberdade e obrigados a trabalhar em golpes digitais.
Como se proteger de falsas propostas internacionais
Especialistas e autoridades recomendam:
Desconfiar de ofertas com ganhos fáceis e salários em dólar
Verificar o CNPJ e registros da empresa
Consultar o Itamaraty ou embaixadas antes de aceitar vagas internacionais
Evitar enviar documentos pessoais sem confirmação da legitimidade
Pesquisar a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui