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– A Gerdau (GGBR4) informou nesta terça-feira que suas controladas acertaram com a Atiaia Energia contratos para compra das empresas Rio do Sangue e Paranatinga Energia, detentoras das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) Garganta da Jararaca e Paranatinga II, respectivamente, localizadas no Mato Grosso.

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O preço de aquisição foi de cerca de 440 milhões de reais, segundo comunicado ao mercado da Gerdau, valor que está “sujeito a ajustes em função dos níveis de caixa e dívida a serem apurados na data de fechamento”.

O pagamento será feito à vista, com recursos próprios, na data de fechamento da operação — que ainda depende da aprovação pela autoridade concorrencial brasileira, acrescentou a empresa do setor de siderurgia.

“As PCHs fornecerão energia renovável para unidades produtoras de aço da Gerdau no Brasil, em regime de autoprodução, equivalentes a aproximadamente 8% do consumo de energia de suas operações no país”, afirmou a Gerdau.

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Gerdau se preocupa com China no Brasil e está otimista com Trump

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, expressou otimismo em relação ao governo de Donald Trump nos Estados Unidos e suas implicações para o setor siderúrgico. Em entrevista ao CNN Brasil Money durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, Werneck compartilhou suas perspectivas sobre o cenário econômico e as estratégias da empresa.

Werneck enfatizou a posição única da Gerdau como uma empresa que opera localmente nos Estados Unidos há muitos anos. “A nossa expectativa é agir em torno de uma empresa que opera localmente nos Estados Unidos. Então a gente não olha a administração atual no contexto de uma empresa brasileira que exporta para lá”, explicou o executivo.

O CEO destacou que, desde o primeiro mandato de Trump, o setor siderúrgico já se beneficiou de incentivos para empresas industriais americanas. “A nossa expectativa é bastante positiva para aquilo que vai vir a partir de agora numa perspectiva de uma empresa brasileira, mas que opera localmente na América do Norte”, afirmou Werneck.

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A deterioração nas relações entre os Estados Unidos e a China na gestão do presidente Donald Trump é uma das principais preocupações da Gerdau no cenário atual. Se, de um lado, a gestão republicana dá um “otimismo moderado” à medida que são benéficas para a operação da companhia no mercado americano; do outro, políticas mais duras podem fazer os chineses buscarem outros mercados para exportação, e o Brasil é um dos alvos.

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“Essa é uma das grandes preocupações que nós temos. Porque, quanto mais os países se fecham, a necessidade da China para manter emprego e renda aumenta, e o país vai buscar mercados de exportação, os canais mais abertos”, diz o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, em entrevista ao Estadão/Broadcast, durante o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em Davos, na Suíça. O problema, explica, é que o mundo está se estruturando contra a concorrência chinesa, mas o Brasil “está ficando para trás”.

Segundo ele, esse é o principal tema em debate com o governo Lula e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O executivo defende a necessidade de medidas mais duras contra a China, após as cotas de importação adotadas no ano passado não terem contido o avanço do aço chinês no País.

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“Essa medida foi totalmente ineficaz. Não se reduziu a importação de aço. Estamos neste momento debatendo com o MDIC como endurecer um pouco mais”, revela o executivo. “Os debates já estão na mesa. A expectativa agora é de que eles (o governo) tragam uma solução. Agora, a bola está com eles”, acrescenta. Werneck observa que hoje a China responde por cerca de um quarto do aço que entra no Brasil e que, na visão dele, essa fatia pode aumentar com Trump de volta à Casa Branca.

Werneck diz que a empresa não quer medidas de proteção nem nada que esteja desalinhado com as práticas da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas uma ação de defesa à indústria nacional. Uma solução é acabar com as cotas e taxar todo o aço que entrar no Brasil, sugere. No ano passado, o governo elevou para 25% o imposto de importação para aços que ultrapassem as cotas no País.

O executivo também se queixa de “portas abertas” para pagar menos impostos no Brasil, a exemplo da Zona Franca de Manaus. Ele questiona se, de fato, todo o aço que tem entrado no País está sendo processado no local ou está servindo de “subterfúgio” para o menor pagamento de impostos.

Em 2024, a companhia chegou a ameaçar reduzir investimento caso o governo Lula não agisse para barrar a concorrência chinesa.

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O governo, então, implementou as cotas, e a Gerdau decidiu manter o compromisso. Mas, Werneck diz que a companhia pode voltar atrás caso medidas mais duras não sejam adotadas para combater a entrada de aço chinês no País.

Dentre os produtos da China que o Brasil mais importa, está a bobina de aço laminada a quente (HRC), utilizada para os setores de construção, automóveis e máquinas. É justamente neste produto que a Gerdau está aumentando a sua capacidade, com um adicional de 250 mil toneladas, a partir da segunda quinzena de março, antecipa Werneck.

Como a Gerdau produz em território americano, o aumento de tarifas para outros países beneficia a companhia. Os planos de Trump de estimular a indústria de óleo e gás também são benéficos, diz.

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Já quanto à estratégia da Gerdau do México, os planos estão em compasso de espera com a volta de Trump à Casa Branca. A companhia estuda investir US$ 600 milhões em uma usina de produção de aços especiais no país. A decisão, esperada para dezembro último, deve ser tomada apenas daqui a seis meses, conforme o CEO da Gerdau.

Segundo ele, o foco da Gerdau em 2025 é um olhar interno e uma busca contínua por melhoria da competitividade, de olho em um possível avanço dos competidores chineses no Brasil por conta de medidas comerciais mais duras de Trump. “Toda a companhia está com foco de ir para um patamar de competitividade que nunca tivemos”, conclui Werneck.

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